Na Amazon, esta é a descrição do livro Gênesis, lançado por Robert Crumb há dez anos (outubro de 2009):
“Ao longo dos séculos diversos grandes artistas se dedicaram a ilustrar Gênesis, o livro inicial da Bíblia, aquele que conta a origem de tudo. Adão e Eva, Caim, Abel, Noé, Abraão, Sara, Jacó, José são dos personagens mais retratados em pinturas e esculturas. Agora, no século XXI, aquele que é considerado não só o maior quadrinista do planeta, mas, para muitos, o maior artista vivo do Ocidente, resolveu realizar sua obra máxima, uma versão em quadrinhos com o texto integral de Gênesis.
“Durante mais de quatro anos, Crumb se dedicou a um estudo profundo nas pesquisas mais atuais a respeito do texto bíblico, à iconografia clássica e em um material fotográfico imenso da chamada Terra Santa. O resultado é uma obra monumental, já saudada como o livro do ano! Crumb leva os quadrinhos a seu mais alto nível, com firmeza, fervor e liberdade marcas características de seu gênio. E é isso que distingue esta sua adaptação deliberadamente literal, sem tirar nada do texto original também sem incluir, distante tanto do fanatismo religioso quanto da blasfêmia.”
Críticos literários escreveram:
GÊNESIS POR ROBERT CRUMB
Por Sidney Gusman
Data: 26 outubro, 2009
Autor: Robert Crumb (adaptação do texto original e arte) – Originalmente publicado em The Book os Genesis illustrated by Robert Crumb. Tradução de Rogério de Campos.
Preço: R$ 49,90
Número de páginas: 216
Data de lançamento: Outubro de 2009
A Criação -- Por Robert CrumbSinopse: Robert Crumb, o papa do quadrinho underground adapta Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, para as HQs, num trabalho que demorou quatro anos para ser concluído.
Positivo/Negativo: Gênesis por Robert Crumb chega badaladíssimo ao mercado nacional. Não é pra menos. O autor que se tornou um ícone da contracultura dos anos 1960, o “pai de Fritz e Mr. Natural, adaptando o primeiro livro da Bíblia para os quadrinhos? Vai ser algo bombástico.
Não, não é!
A opção de Crumb por usar o texto original da obra, com pouquíssimas alterações, se tornou, ao mesmo tempo, um chamariz e uma amarra.
É verdade que os escritos originais (o autor usou a tradução recente de Robert Alter) apresentam passagens que podem chocar os religiosos, por mostrar os episódios narrados em Gênesis por uma ótica mais crua e realista – como filhas que embebedam o pai para engravidar dele. No entanto, o texto – por não ter sido editado – é carregado, repetitivo demais, chato [para alguns, mas fiel ao texto bíblico].
E como nos quadrinhos o casamento entre texto e arte é vital, ao final da leitura, a sensação é de se ter terminado um dos livros da Bíblia em uma versão diferente e magnificamente ilustrada.
Os desenhos de Crumb estão mesmo muito bonitos e detalhados. Mas quem se acostumou com seus personagens deformados ou de dimensões exageradas pode estranhar as artes seguindo um padrão de estética mais realista.
Na verdade, nem o “choque” que seria causado pelos desenhos da obra, como alguns propalaram, acontece. Há, no máximo, uma dúzia de passagens (umas com homens e mulheres durante o ato sexual e outras de violência) que podem fazer corar pessoas religiosas, mas leitores de quadrinhos nem estranharão.
A editora Conrad fez um álbum primoroso (passaram apenas alguns erros de concordância, como um “últimos capítulo” na última página), com direito a capa dura, notas editoriais que esclarecem pontos obscuros do texto e comentários de Crumb sobre cada capítulo.
Pelo conjunto brilhante de sua obra, Crumb atingiu o patamar de ter fãs que acham tudo que ele faz maravilhoso. Houve quem classificasse este Gênesis como seu maior trabalho. Pode até vir a ser o mais comentado, por estar associado à Bíblia…
Links para download:
Em Português: http://historiaequadrinhosnrelondrina.pbworks.com/w/file/fetch/49842854/G%C3%AAnesis%20-%20Robert%20Crumb.pdf
Quem espera encontrar, em Gênesis por Robert Crumb, o quadrinista iconoclasta e underground dos anos 60, talvezse decepcione. Logo na Introdução, Crumb diz que apenas buscou ilustrar o Livro do Gênesis, abrindo mão do humor visual que vemos na maioria de seus trabalhos. O quadrinista manteve praticamente intacto o texto original da Bíblia, reproduzido a partir de várias traduções para a língua inglesa, mas principalmente da versão publicada por Robert Alter em 2004.
Pode parecer uma opção estranha, mas ao lermos a HQ percebemos o quanto Crumb acertou em sua escolha. Estamos familiarizados com as adaptações das histórias do Gênesis feitas para várias mídias, como cinema, TV e livros ilustrados, mas essas adaptações não costumam ser fiéis ao texto original. Até mesmo as traduções da Bíblia para o português tomam certas liberdades, na tentativa de tornar as histórias mais compreensíveis e menos estranhas para os fiéis religiosos.
Na HQ de Crumb, ao contrário, o texto original do Gênesis é apresentado com todas suas contradições e repetições redundantes. Algumas das histórias parecem mesmo sem sentido, o que é compreensível, afinal foram escritas há milhares de anos, e as intenções originais do autor, ou autores, se perderam no tempo. A opção de usar o texto original completo, porém, torna a leitura lenta nas passagens em que a narrativa é repetitiva ou menos interessante.
Uma ótima e concisa análise do texto do Gênesis foi feita pelo crítico literário Harold Bloom. Mas Bloom parece não ter muito conhecimento sobre quadrinhos, e ficou bastante incomodado com a arte de Crumb.
Crumb não acredita que a Bíblia seja “a palavra de Deus”, mas sim “a palavra dos homens”, um conjunto de textos de autoria coletiva, inspirados por lendas e fatos históricos, escritos e reescritos ao longo de muitos anos. Para ilustrar as histórias pesquisou as mais diversas fontes visuais, desde material arqueológico até filmes de Hollywood. Não se pode dizer que as ilustrações do livro sejam realistas, mas elas possuem uma inspiração histórica, ou pelo menos é claro o esforço do artista em recriar as roupas, feições e paisagens das épocas e locais em que se passam as narrativas do Gênesis.
Ao contrário do que o próprio quadrinista diz na Introdução, seu trabalho não se limita a ilustrar o texto. Crumb possui várias opiniões sobre o Gênesis, e elas são expostas não só na Introdução e nos comentários reunidos no final do livro, mas também na própria arte da HQ. Em nenhum momento os desenhos tentam seduzir o leitor ou tornar mais simpático o que é dito pelo texto. A arte de Crumb provoca no leitor o distanciamento necessário para que a narrativa possa ser apreciada de modo crítico. É nesta relação entre texto e imagem, sem veneração, que está uma das maiores qualidades da HQ.
Gênesis não é a Obra-Prima de Crumb, mas tem grande valor por representar um momento de rara sutileza e objetividade na obra do autor, que na maturidade busca novos caminhos para sua arte.
Fontes:
Gênesis por Robert Crumb (Português) Capa dura – 19 out 2009
por Robert Crumb (Autor)
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