Ciência moderna: uma doutrina se esgueira no pensamento científico
André Roncolato Siano
“Parece que na Natureza encontra-se uma substância sutilíssima, tenuíssima e velocíssima que, difundindo-se pelo universo, penetra por toda parte sem oposição, aquece, vivifica, e torna fecunda todas as criaturas vivas. Parece que os próprios sentidos nos mostram que o corpo do Sol é o receptáculo principalíssimo deste espírito.”
[Galileu Galilei – Carta a Mons. Piero Dini]
Falar de uma doutrina herética subjacente na Física é um desafio, visto que se trata de um tema que poderia percorrer uma cronologia histórica realmente grande com desdobramentos e especificidades multivariadas. De tal forma que poderíamos ficar aqui algumas dezenas de anos estudando e escrevendo, sem, mesmo assim, conseguir terminar ou analisar exaustivamente o assunto. Além de que esbarraríamos em vários obstáculos, particularmente filosóficos.
O próprio conceito de “física”, na modernidade, já se distancia muito da concepção aristotélica ou tomista, a qual define a Física como o estudo do ente móvel. Ora, tudo o que é material é móvel e, portanto, o estudo da Física, para os antigos e medievais, englobaria toda a natureza, seria a também chamada Filosofia da Natureza [Henri-Dominique Gardeil – Iniciação a filosofia de São Tomás de Aquino – Cosmologia, p. 304].
Destarte, não pretendemos fazer um artigo técnico de Física e Cosmologia, mas apenas uma tentativa exploratória revelando o dedo da gnose – ou muito mais que isso – no pensamento de físicos modernos.
Modernamente, a Física é definida como a ciência particular que se ocupa em estudar as leis do universo que dizem respeito a matéria e energia. Entretanto, essa definição se apresenta como um tanto diluída e escorregadia visto que a Física não consegue apresentar estes seus objetos com clareza ontológica já que a ciência moderna, ao rejeitar a Metafísica, acaba se privando de princípios mais fundamentais e gerais de maior grau de abstração.
Imagino que já aqui teríamos assunto vasto para uma análise desta mudança de entendimento …
Concentremo-nos, porém, em alguns elementos específicos importantes, mais representativos, com o intuito de apenas sinalizar que certos modelos e teorias da Física moderna ocultariam sistemas contrários à Fé [Cristã] Católica, do mesmo modo como aqueles sistemas filosóficos que se escondem nos estilos artísticos.
Para extrair estes elementos, é necessário fazer uma análise sistematizando algumas das decorrências filosóficas das teorias científicas, comparando com sistemas filosóficos conhecidos para que, assim, as doutrinas que possam ali estar escondidas fiquem expostas.
Pois, como nos garante Charles Crombie, no seu livro Ciência Medieval e Moderna:
“(…) nunca existiu uma ciência natural inteiramente desprovida de uma concepção prévia de objetivos teóricos de caráter filosófico. ” [Crombie A.C., Medieval and Early Modern Science, v.II, p.288]
O que ainda é Charles Webster mais incisivo em considerar:
“Precisamos repensar algumas visões arraigadas sobre a relevância cultural geral da nova ciência. Em particular, há um risco de insistir muito sobre a ciência como uma explicação do importante tema do declínio da visão mágica de mundo (…). Na realidade, a visão de mundo da revolução científica deve ser vista como um fenômeno diferente resultante de um equilíbrio dinâmico de forças irradiadas em muitas direções diferentes. Todas estas forças contribuíram para o processo de criatividade e mudança, e nenhum deles deve ser descartado como inútil, uma carga intelectual a priori de um passado mágico desacreditado. ” [De Paracelso a Newton: la magia en la creación de la ciencia moderna, p.36]
Parece-nos muito razoável que o ocultamento de uma doutrina má debaixo de um sistema científico não seja algo que surpreenda, visto que essa ação maçônica é recorrente na História e que os ocultistas sempre procederam como tal.
Tal procedimento tem várias utilidades:
a) doutrinar os incautos a partir da adesão ao próprio sistema;
b) isentar-se de sofrer uma acusação formal de heresia, já que é difícil inferir diretamente que há segundas intenções no modelo desenvolvido.
De toda forma é sempre uma tática vil e sub-reptícia. Depois que o sistema já está estabelecido fica difícil combatê-lo, sob pena de ver ser acusada a Igreja como anticientífica, retrógada, intolerante etc.
Sempre é conveniente repetir Santo Irineu de Lion que, com grande autoridade, combateu o gnosticismo dos ebionitas, valentinianos e marcionitas, inclusive detalhando os sistemas gnósticos destas seitas. No sec. II, Santo Irineu já alertava sobre este perigo ao se referir aos gnósticos de sua época:
“Ardilosamente, pela arte das palavras, induzem os mais simples a pesquisas e, omitindo até as aparências da verdade, levam-nos à ruína, tornando-os ímpios e blasfemos contra seu Criador, os que são incapazes de discernir o falso do verdadeiro. ” E ainda prossegue: “Não é fácil descobrir o erro por si mesmo, pois não o apresentam despido, já que assim se compreenderia, senão adornado com uma máscara enganosa e persuasiva; a tal ponto que, por mais ridículo que seja dizer, fazem parecer seu discurso mais verdadeiro que a verdade. ”[Santo Irineu de Lion, Adversus Haeresis, p. prefácio].
Imaginar que os bruxos que tão bem se disfarçavam de racionalistas ou empiristas científicos existiram apenas na Renascença ou na Antiguidade, me parece certa ingenuidade. Ainda em preparação a este texto, lia um artigo, que pretendo usar em outra ocasião, falando de uma edição importante de textos sobre o esoterismo de Isaac Newton, feita pelo Editor Michael White [1], o qual denominava o proeminente físico do século XVII como “o último mago”. Ora, achar que os alquimistas e os feiticeiros da ciência se extinguiram em Newton é no mínimo bem ingênuo.
Newton e seus companheiros não viam diferença radical entre seus estudos científicos e os estudos de textos alquímicos.
Pensar igualmente que, em uma mesma pessoa, as ações científicas podem ser completamente isentas de influência de seu sistema de pensamento religioso, também parece ser suficientemente irreal.
Logo, para chegar ao objetivo de identificar com mais facilidade o que está por trás de ideias científicas estranhas, é interessante verificar o pensamento religioso e as “amizades” do teórico. Como lembra Charles Webster:
“Newton e seus companheiros não reconheciam nenhuma diferença radical entre seus estudos científicos e os estudos de textos sagrados. A analogia entre o livro da natureza e o livro da revelação era lugar-comum. Para o cientista, o comentário sobre textos alquímicos representava a aplicação de habilidades analíticas a uma via da verdade que tinha parentesco tanto com a revelação como com a natureza. ” [De Paracelso a Newton: la magia en la creación de la ciencia moderna, p.31] …
Referências:
[1] Michael White, editor de ciência de várias publicações inglesas.
[2] Aluno de Oppenheimer – Desenvolveu o enriquecimento do urânio para Bombas atômicas. Trabalhou com Einstein em Princeton.
Fonte: http://www.montfort.org.br:84/ciencia-moderna-uma-doutrina-se-esgueira-no-pensamento-cientifico/
Para encerrar, basta mencionar que muitos ocultistas do passado ocultaram seus interesses e práticas sob uma máscara puramente científica, eles se esforçaram para parecerem não esotéricos, porém, secretamente era ocultistas praticantes.
Mencionarei dois: Winston Churchill e Isaac Newton. Churchill (cujo filme biográfico estrelou nos cinemas a pouco tempo) conhecido principalmente por suas opiniões conservadoras tinha todos os livros de Aleister Crowley e assimilava conhecimentos dele, tinha contato pessoal.
Isaac Newton conhecido como o “pai” da física era alquimista praticante e como membro do parlamento inglês quis propor uma lei proibindo a prática da alquimia porque ele acreditava que se a prática se popularizasse o valor do ouro nos mercados despencaria e levaria a uma crise global. Basta mencionar esses dois pra não dizer que realmente existe uma multidão de indivíduos que se apresentam externamente para a sociedade como “puramente racionais e científicos” mas secretamente são ocultistas praticantes.
Fonte: https://medium.com/@ricardodiasoliveira7/imaturidade-para-lhe-dar-com-ocultismo-11d1402db3b5
Um manuscrito de Newton aparece com a fórmula da Pedra Filosofal
Um manuscrito de Isaac Newton com a fórmula alquímica de “elixir da vida” ou Opus Magna aparece em Pasadena, Califórnia
Newton também era um alquimista…
Você está pronto para obter a imortalidade? Um manuscrito de Isaac Newton contendo a fórmula alquímica da pedra filosofal foi redescoberto.
A pedra filosofal é o lendário ‘elixir da vida’, um transmutador de metal que conteria – segundo a tradição – a chave da imortalidade.
Platão se refere a ela como “matéria-prima”, da qual os quatro elementos teriam derivado e acredita-se que seja, também, o ingrediente-chave da alquimia . O processo de criação da pedra é chamado Opus Magnus ou a Grande Obra e acredita-se que tenha quatro estágios relacionados às cores: preto, branco, amarelo e vermelho.
Bem, de acordo com o Chemistry World , um manuscrito de Isaac Newton com a fórmula alquímica dessa ambiciosa pedra (ou elixir) apareceu em leilão em Pasadena, Califórnia, em 16 de fevereiro, onde foi comprado pela Chemical Heritage Foundation (CHF) de Filadélfia Esta instituição terá o manuscrito original em latim online.
O manuscrito é intitulado Preparação do [Sophick] Mercúrio dos Filósofos [‘] Stone pelo Antimonial Stellate Regulus de Marte e da Lua a partir dos manuscritos do filósofo americano . Mercúrio ‘Sophick’ se refere ao mercúrio filosófico, sinônimo de pedra. Newton copiou a receita do químico americano George Starkey, que publicou sob o pseudônimo Eirenaeus Philalethes e que alguns consideram o primeiro cientista nos Estados Unidos. Supõe-se que Newton tenha experimentado a receita no final de 1600, porque há notas e correções na fórmula original de Starkey e uma receita newtoniana no verso para destilação de minério de chumbo.
A importância do manuscrito é que ele vem das mãos de Sir Isaac e mostra que ele era um alquimista, além de matemático e físico.
Recentemente assisti a um documentário sem graça que dizia que Sir Isaac Newton era algum tipo de cristão. Este é o mainstream diluído habitual, o mesmo tipo que reivindica Washington que era um Xian. Quando ele era abertamente anticristão.
Ele se recusou a receber a comunhão a vida toda e declarou no plenário do Congresso enquanto Presidente sobre o primeiro Tratado dos Estados Unidos assinou: “A América não é de forma alguma uma nação fundada em princípios cristãos”.
Laurence Gardner mostrou em seus livros que Newton foi chamado “O Último dos Magos” por seus colegas para uma palestra de três horas que ele deu sobre a tradição ocultista suméria, sobre o tema do Mago. Ele também era um astrólogo, o que é proibido na Bíblia, juntamente com qualquer coisa a ver com ser um mago.
O livro “A MAÇONARIA DE ISAAC NEWTON; A Alquimia da Ciência e Misticismo”, de Alain Bauer, entra em detalhes que Newton era um ocultista que possuía uma enorme quantidade de conhecimento hermético. Newton era membro do The Gentlemen’s Club of Spalding, que era um clube maçônico secreto.
No livro “Sir Isaac Newton (1642-1727)”, o notável cientista e matemático inglês escreveu muitos trabalhos que agora seriam classificados como estudos ocultos.
Não há registro verificável de Newton como maçom. Apesar dessa falta de evidências, Isaac Newton ainda é freqüentemente identificado como membro de várias Lojas Maçônicas, incluindo a Grande Loja da Inglaterra. Há uma loja do maçom operando na Universidade de Cambridge chamada The Isaac Newton University Lodge (UGLE), no entanto, isso não significa enfaticamente que Isaac Newton foi um fundador ou mesmo um membro, pois há muitos clubes sociais e escolares que levam seu nome.
Há uma contínua especulação sobre o papel que Newton pode ter tido na formação das Ordens Maçônicas em seu contexto moderno. A adesão de Newton à Royal Society e o fato de muitos membros da Royal Society terem sido identificados como primeiros maçons levou muitos a acreditarem que Newton era um maçom.
É claro que Newton estava profundamente interessado em arquitetura, geometria sagrada e na estrutura do Templo de Salomão, um assunto que desempenha um papel importante na mitologia maçônica inicial. Contudo, por fim não há evidências para conectar diretamente Newton à Maçonaria. Talvez a sociedade secreta que mais influenciou Isaac Newton fosse a dos Rosacruzes.
Embora o movimento Rosacruz tivesse causado muita excitação dentro da comunidade acadêmica da Europa durante o início do século XVII, quando Newton atingiu a maturidade, o movimento se tornou menos sensacionalista. No entanto, o movimento Rosacruz ainda teria uma influência profunda sobre Newton, particularmente em relação ao seu trabalho alquímico e pensamento filosófico.
Durante sua própria vida, Newton foi abertamente acusado de ser um Rosacruz, como muitos membros da Royal Society. Embora não se saiba ao certo se Isaac Newton era de fato um Rosacruz, e ele nunca se identificou publicamente como um, de seus escritos parece que ele pode ter compartilhado muitos de seus sentimentos e crenças.”
Newton trabalhou para manter suas associações maçônicas em segredo, principalmente, como suas obras no oculto, devido ao controle político da Igreja da Inglaterra. Muitas das crenças anti-cristãs de Newton em sua época eram ilegais e poderiam ter terminado sua carreira e tê-lo preso.
A blasfêmia sozinha era uma ofensa criminal na Inglaterra na época. Newton, no entanto, se recusou a se tornar um ministro da Igreja da Inglaterra, que fazia parte do dever de seu cargo na universidade na época, e ele foi absolvido de tal. Não é surpresa o porquê. Isso foi quando a Maçonaria ainda era satânica, antes que os banqueiros judeus assumissem o controle com seus Illuminati no final do século 18, removessem as doutrinas originais e substituíssem por doutrinas judaicas e comunismo.
O próprio Washington, em carta a um amigo que ainda estava na Biblioteca do Congresso, advertiu que a Sociedade Maçônica estava sendo infiltrada pela doutrina dos Illuminati. Que foi uma frente para os judeus Rothschild e outras elites do poder judaico na época.
O próprio Weishaupt não entrou em uma loja até 1777, quando recebeu indução na Loja Theodore de Bon Conseil em Munique. No entanto, uma vez dentro da Maçonaria, Weishaupt imediatamente foi trabalhar com outros agentes Rothschild para injetar a doutrina Illuminate, de mãos dadas com sistemas ocultos judaicos para colocar os gentios sob o controle dos Priorado de Sião.
Enquanto apodreciam as doutrinas espirituais maçônicas originais e a filosofia da lei universal-espiritual. Weishaupt e seus agentes organizaram o Congresso de Wilhelmsbad no Castelo de Guilherme IX de Hesse-Kassel, para ocorrer em 16 de julho de 1782. Aquele especial mesmo, que era importante tanto em tamanho como em aspirações, foi assistido por representantes de elite de lojas maçônicas de todo lugar. Foi também lá que foi tomada uma decisão para permitir que os judeus anteriormente excluídos fossem admitidos na Maçonaria. Os Illuminati são Judeus.
Pode-se ver que os fundadores americanos eram satanistas e criaram uma República Maçônica baseada nos ensinamentos satânicos originais dos maçons. Os fundadores Americanos eram satanistas; Newton deixou uma mensagem para todos testemunharem. Em sua própria história ele criou a maçã. Ele estava sentado debaixo da árvore e, quando a maçã caiu. ele pegou a maçã na mão e ficou iluminado. A árvore é a árvore proibida do conhecimento e a maçã foi o que a serpente, Satanás, ofereceu a Adão e Eva. Eles tomaram e se rebelaram contra o Deus tirano judeu Yahweh. O deus de Newton era Satanás.
Issac Newton e o Ocultismo
Newton escreveu muitas obras que passariam a ser classificadas como estudos ocultos. Estas obras exploraram o ocultismo, a cronologia, alquimia, e até escritos bíblicos propondo-lhes interpretações especialmente do Apocalipse.
Seu primeiro contato com caminhos da alquimia foi através de Isaac Barrow e Henry More, intelectuais de Cambridge. Por volta de 1693, escreveu Praxis, uma obra que sugere uma filosofia que via na natureza algo diferente do que admitiam as filosofias mecanicistas ortodoxas. Newton dedicou muitos de seus esforços aos estudos da alquimia. Escreveu muito sobre esse tema, fato que soube-se muito tarde, já que a alquimia era totalmente ilegal naquela época.
O Movimento Rosa Cruz
A sociedade secreta dos Rosa Cruz,[14] foi possivelmente a que maior influência exerceu sobre Newton. Apesar de o movimento Rosa Cruz ter causado uma grande curiosidade entre os acadêmicos europeus durante o século XVII, à época de Newton já havia atingido a maturidade e se tornara algo menos sensacionalista. O movimento teve uma profunda influência sobre Newton particularmente nas pesquisas sobre alquimia e filosofia.
A crença Rosa Cruz de serem especialmente escolhidos para comunicarem-se com os anjos ou espíritos ecoa nas crenças proféticas de Newton. Os rosa Cruz proclamavam também ter a habilidade de viver para sempre usando o elixir vitae e a habilidade de produzir um sem limite de quantidade de ouro a partir do uso da Pedra Filosofal, a qual diziam possuir. Tal como Newton, os Rosa Cruz foram profundamente filosofo místico, declaradamente cristãos, e altamente politizados. Newton teve muito interesse nas pesquisas sobre alquimia mas também nos ensinamentos esotéricos antigos e na crença em indivíduos iluminados com a habilidade de conhecer a natureza, o universo e o reino espiritual.
Ao morrer, a Biblioteca de Newton apresentava 169 livros sobre o tópico da alquimia, e acreditava-se que teria consideravelmente mais livros durante os anos de formação em Cambridge, embora possivelmente tenha os vendido antes de mudar-se para Londres em 1696.
Newton, o último feiticeiro
Biografia revela paixão do cientista pelo ocultismo
John Keats foi um poeta inglês. Foi o último dos poetas românticos do país, e, aos 25, o mais jovem a morrer. Keats não perdoava Newton por ele “ter destruído toda a poesia do arco-íris”, fazendo, talvez, a primeira crítica ao excessivo racionalismo científico, do qual Sir Isaac, desde então, foi entronizado como o mais ortodoxo ícone. Mas, em verdade, longe de ser o primeiro representante da idade da Razão, ele foi, em verdade, “o último dos magos, o último dos babilônios e dos sumérios, a última grande mente que viu além do mundo visível e racional, com os mesmos olhos daqueles que iniciaram a construção de nossa herança intelectual”, como o definiu outro inglês, Keynes.
O mundo preferiu não ouvir a definição de Newton dada pelo célebre economista, em 1942, após ter comprado, em um leilão, manuscritos de Newton e descoberto, atônito, o intenso interesse do cientista pelo mundo oculto.
Michael White, editor de ciência de várias publicações inglesas, pegou a pista de 50 anos atrás e resolveu investigar. O resultado é uma surpreendente biografia do pai da Física moderna, Isaac Newton: o Último Feiticeiro (Record, 378 páginas, R$ 40,00), que revela o intenso interesse de Newton pelo ocultismo e de que forma isso foi responsável por suas descobertas científicas mais importantes. “Ele sempre foi considerado um cientista rígido, adepto ferrenho do empirismo e ninguém podia acreditar que pudesse ter idéias alheias à corrente científica tradicional. Mas ele tinha, em segredo, um outro campo de estudo, a alquimia, com o qual queria desvendar os segredos do Universo, em vez de por meio da matemática e da ciência. Os Principia, em especial, são prova disso”, assegura White.
Segundo White, das mais de 4 milhões de palavras que Newton deixou escritas, 3 milhões remetem ao mundo oculto. “Ele, porém, temia deixar público esse envolvimento, pois a alquimia era crime passível de pena de morte, já que seus adeptos queriam produzir ouro e isso era uma ameaça para o sistema monetário”, explica o jornalista. “Foi a alquimia, com seu conceito de um espírito de afinidade química difundida pela matéria e permitindo a ocorrência de reações químicas, aliada ao arianismo secreto de Newton e à sua noção do corpo espiritual de Cristo difuso pelo universo, como um meio onde a matéria pode se movimentar, que permitiu a ele aceitar que a força da gravidade pudesse agir a uma distância aparente”, explica.
A maçã? Bem, já sabíamos que a história da inspiração da queda da fruta diante dos olhos de Newton não era para ser levada a sério. O que desconhecíamos era o autor da ficção: ninguém menos do que o próprio Sir Isaac. “Ele inventou essa história para encobrir a verdadeira linha de raciocínio oculta que utilizou para chegar às forças gravitacionais. Newton, quando velho, quis encobrir seus estudos alquímicos e também deixar uma imagem póstuma fascinante e condigna a seu status de grande gênio de sua era. Ele adorava fazer autopromoção”, conta White. “Mas devemos sempre nos remeter à sua época e não julgá-lo com nossos olhos. Para ele, nada havia de errado em, ao lado das ferramentas científicas, lançar mão de conhecimentos extraídos da Bíblia e da alquimia”, diz.
Basta, efetivamente, lembrar que Newton, nascido em 1642 e morto em 1727, viveu numa era em que se faziam guerras e se assassinavam homens por suas crenças religiosas e as análises meticulosas da natureza da luz aconteciam simultaneamente a tentativas sérias de se encontrar a pedra filosofal. Longe de um Newton diminuído, encontramos o cientista humano e criativo. “Até hoje, a maioria dos cientistas não pensa em termos puramente matemáticos ou empíricos e são pessoas muito imaginativas. Mesmo a ciência que enterrou a física newtoniana, a mecânica quântica, convenhamos, não é uma coisa das mais lógicas e se tentarmos entendê-la apenas com a razão não conseguiremos”, fala.
Mais: a alquimia não é distante da física quanto sonha a nossa filosofia. “Os alquimistas buscavam abranger todos os segredos do universo de forma, como chamamos hoje, holística. Eram excelentes observadores do mundo físico, o qual tentavam entender e explicar o seu funcionamento, com um olhar alternativo para o universo. Newton compreendeu que, se desejava levar a Física adiante, precisaria também reinventar o universo e criar uma nova narrativa”, afirma.
“Logo, para ele, a alquimia não era uma diversão, mas a sua musa inspiradora. E deve ser louvado por inventar a ciência criativa e que vai além do dado imediato”, avisa. “Era um homem muito religioso e acreditava ser seu dever desvendar os segredos do universo e só havia duas formas de fazer isso: estudando a palavra de Deus, a Bíblia, e a obra divina, a natureza. Ele procurou reunir esses universos em equilíbrio.” Mas, antes de seu biógrafo e de Keynes, um contemporâneo havia revelado a estranha paixão do sábio racional: seu arquiinimigo Leibniz.
“Leibniz denunciou que o conceito da gravidade estava muito ligado ao mundo do ocultismo. De fato, Newton deixou-se cair numa armadilha intelectual ao tentar esconder esse seu lado secreto. Ao se ver encurralado, sem poder revelar a fonte de suas idéias, ele lançou mão de um ‘éter’ hipotético, a fim de explicar a gravidade. Isso não apenas ia de encontro ao seu propalado comprometimento com a razão experimental, como também o deixou exposto ao ataque – para ele terrível, dado o seu credo religioso – de que era um mecanicista”, conta White. O cientista gastou 40 anos de sua vida perseguindo o colega Leibniz, numa campanha nunca antes vista no mundo acadêmico, para destruí-lo, convencido de que fora roubado pelo companheiro de ciência na sua formulação do cálculo.
“Newton era uma pessoa detestável, um homem amargo, estranho, recluso. Diz a lenda que só riu uma vez na vida: quando lhe perguntaram que utilidade via em Euclides. É, com certeza, um exagero, mas não está de todo longe da sua personalidade real”, fala White. “Quando fez 19 anos, ele escreveu uma lista dos pecados que cometera em sua existência e o de número 13 é assombroso: ‘Quis queimar meu padrasto e mãe e a casa sobre eles’. O seguinte tampouco é melhor: ‘Desejei a morte a muitas pessoas e gostaria que realmente ocorresse para alguns’. Era um homem problemático, solitário e sofrido”, fala. “E sempre procurou compensar suas origens humildes com o sucesso. Assim, se na juventude fazia suas pesquisas para glorificar Deus, com o passar do tempo ele queria apenas se promover, fazendo ciência para seu próprio interesse”, revela o biógrafo.
O último dos magos, embora afetasse modéstia, dizendo ter, em verdade, chegado onde chegou subindo no ombro dos gigantes que o antecederam, adorava ser adulado pelos colegas e perseguia todos os que, acreditava, não o tratavam como um gênio único. Só foi extremamente paciente com um jovem discípulo, o matemático suíço Nicholas Fatio de Duilier, com quem manteve uma tórrida correspondência. Bem, a maçã pode não lhe ter inspirado a teoria gravitacional, mas deu outras idéias, bíblicas, a Sir Isaac. “Newton, tudo leva crer, foi um homossexual reprimido que se apaixonou por Fatio de forma intensa. Boa parte das cartas entre os dois tem partes destruídas pelo próprio Newton para encobrir partes mais reveladoras. Ainda assim, o que restou é suficiente para levantar essa hipótese. Seja como for, após pararem subitamente de se corresponder, o físico sofreu um abalo nervoso dramático. Creio que a causa disso foi a recusa do suíço de ir viver com ele na Inglaterra”, fala White.
Isso não interessaria à posteridade se não tivesse sido o catalisador do fim da criatividade newtoniana. “Após esse acontecimento trágico, ele abandonou o interesse nas suas pesquisas e refugiou-se na vida pública, em especial, com a sua nomeação como Mestre da Casa da Moeda Real”, fala. “Lá, Newton mostrou o pior de sua personalidade, transformando-se numa autoridade cruel, impiedosa, obsessiva, sempre em busca de qualquer tentativa de falsificação, que punia com rigor exagerado. Não aceitava nenhum tipo de pedido de clemência de condenados à morte e fazia questão de assistir às execuções”, diz White.
“O mesmo vale para o seu período como presidente da Royal Society, que governou com mão-de-ferro, vingando-se de todos os que acreditava desafetos seus ou não respeitosos o bastante com sua contribuição científica.” Sua primeira medida foi mandar arrancar da parede e queimar o quadro de seu antecessor e crítico, Robert Hooke.”Ainda assim, essa frieza confunde-se com a sua habilidade de conceber o universo como se o homem – antes o observador privilegiado, a medida de todas as coisas – fosse uma nota de pé de página irrelevante”, analisa o biógrafo.
A relatividade de Einstein
Ele pôs abaixo o universo zelosamente engendrado por Newton, mas, assim como o colega passado inglês, Albert Einstein também subiu nos ombros de gigantes obscuros. Essa é uma das conclusões descritas no livro recém-lançado nos EUA, Einstein in Love: a Scientific Romance (416 págs., Viking, US$ 27,95), de Dennis Overbye, o editor sênior de ciência do The New York Times. Segundo ele, seguindo as pegadas do arquiinimigo de Newton, Leibniz, Einstein postulou que espaço e tempo não tinham realidade objetiva. “Einstein não é um matemático, mas trabalha sob a influência de impulsos obscuros físicos e filosóficos”, escreveu Felix Klein, um colega matemático de Albert.
O livro, assim como a biografia de Newton de Michael White, também traz outros “podres” do célebre cientista, em especial a sua inconstância sentimental, um pecado que, ainda bem, ele não repetia em sua vida profissional, permanecendo fiel toda a sua vida a uma única concepção filosófica do mundo. O mesmo não valia, no entanto, para sua relação com as mulheres que povoaram a sua existência. Em especial, na sua juventude, quando o gênio era bem diferente da figura de vovô santinho, língua de fora, a que nos acostumamos.
Overbye lembra que o físico teve uma filha ilegítima (cuja vida é descrita em outro livro recente, Einstein Daughter: The Search for Lieserl, de Michele Zackheim), Lieserl, que nunca se interessou em ver e pode mesmo ter obrigado a mulher, Mileva, a colocá-la para adoção. Também gostava de bater na pobre esposa e, assim que pôde, traiu com a prima da criatura, Elsa, que, pouco depois, trocou por outra. Quando seu filho mais jovem passou a sofrer de esquizofrenia, Einstein o rejeitou. Segundo o jornalista, era um homem misógino, egoísta e mulherengo incorrigível.
Mas Overbye desmente a velha lenda de que o cientista teria roubado idéias para a sua teoria da relatividade da mulher, Mileva, um a experiente matemática. Pelo fato de ter publicado um ensaio, com 26 anos, pouco depois de seu casamento com a sérvia, o boato espalhou-se e perseguiu por tempos a reputação de Einstein. Mas, diz o livro, além de corrigir algumas equações matemáticas, Mileva, naquela época, estava mesmo preocupada em criar os filhos e deixar o marido livre para pensar. Ainda assim, para poder conseguir a separação, ele foi obrigado a prometer a ela o dinheiro que ganharia se fosse o vencedor do Nobel. Em 1921, ele ganhou e cumpriu o trato.
Outra obra fascinante sobre ele que acaba de sair é Driving Mr Albert (224 págs., US$ 18,95), de Michael Paterniti. Umroad book que descreve a viagem do autor, um repórter da Harper’s , com o médico Thomas Harvey, o responsável, em 1955, pela autopsia de Einstein, que roubou o cérebro do gênio e guardou em casa, fatiado, dentro de um tupperware, exibindo-o ocasionalmente por alguns trocados. Arrependido, o médico resolveu devolvê-lo à neta do cientista e convidou o jornalista para acompanhá-lo. Uma leitura deliciosa.
https://revistapesquisa.fapesp.br/2000/12/01/newton-o-mago-da-razao/
Sir Isaac Newton: O Herege Brilhante
Os escritos particulares decodificados de Newton mostram que o famoso matemático era na verdade um homem e cientista diferente do que lembramos na escola. Agora sabemos que Newton estudou alquimia e aplicou a resolução criativa de problemas para descobrir as leis da gravidade.
Sir Isaac Newton teria amado Harry Potter.
Certamente, conhecemos Newton como um cientista e matemático brilhante. Quero dizer, gravidade, certo?
Aos 26 anos, ele já havia definido as leis da gravidade (a força invisível que impede nosso planeta de se afastar do Sol – e não, tudo sobre a maçã caindo sobre a cabeça é um mito), e inventou o cálculo (aproximadamente ao mesmo tempo que Gottfried Leibniz, que mais tarde se tornaria seu inimigo no campo científico. O veredicto oficial é que os dois homens inventaram o cálculo de forma independente e Newton publicou seus trabalhos depois dos de Leibniz. Os frenemies não se limitam ao século XXI , afinal) – tudo enquanto estudava em seu dormitório na Universidade de Cambridge, em Cambridgeshire, Inglaterra.
Mais tarde na vida, Newton seria creditado por descobrir que a luz branca é composta de todo o espectro de cores e transformar o telescópio de 500 anos de Galileu no modelo contemporâneo que ainda hoje usamos. Suas descobertas foram revolucionárias para sua época e ele foi rapidamente aceito como membro da prestigiada Royal Society do Gresham College , que mais tarde publicou uma de suas obras mais famosas, Principia Mathematica .

Se não fosse pelas descobertas de Newton, nossa economia poderia ter sido baseada em um sistema numérico totalmente diferente, porque usamos cálculo no mercado de ações. Com uma pequena ajuda de um conceito chamado segunda derivada – e alguma aritmética – podemos calcular a rapidez com que o mercado está se movendo e em que direção. Nossos satélites são feitos usando o telescópio de Newton, para que possamos monitorar a atividade solar. Os estudos de Newton sobre forças gravitacionais nos ajudaram a entender melhor como podemos pilotar aviões.
Mas, verdade seja dita, Newton ficou especialmente fascinado por algo que todo mundo que ama Harry Potter conhece, A Pedra Filosofal.
Sim, Newton acreditava que você poderia criar ouro a partir do metal – de fato, alguns acreditam que seu escandaloso trabalho alquímico – e uma prática de pensar fora da ciência “estabelecida” o ajudou a moldar suas três leis da gravidade.
De Mercúrio à Gravidade
Em um fato notável, Newton escreveu mais notas sobre alquimia e teologia do que jamais teve sobre física!

Durante o tempo em que estudou alquimia em uma oficina particular perto de Cambridge, Newton desenvolveu uma lista abrangente de receitas alquímicas. Como Leonardo da Vinci, ele também codificou suas anotações para esconder suas receitas de qualquer curioso. Pelo que entendemos das anotações de Newton, ele estudou o trabalho de George Starkey sobre o mercúrio sofisticado , que ele acreditava ser o ingrediente mais importante na Pedra Filosofal.
O mercúrio sophick também era conhecido como mercúrio “filosófico”. Os alquimistas acreditavam que esse mercúrio poderia quebrar metais em componentes menores que poderiam então ser usados para produzir metais diferentes. Esse processo foi fundamental para criar a pedra filosofal, a substância lendária que poderia transformar metais comuns como chumbo em ouro.
O Parlamento na verdade ilegalizou a alquimia por medo de que os amadores inflassem o mercado com ouro “falso”, desvalorizando assim a libra! Na época de sua criação, a alquimia e a química eram praticamente intercambiáveis, e a própria alquimia era considerada pseudociência – ou um conjunto de crenças ou métodos que, erroneamente, acredita-se serem baseados em fatos científicos!
Sabendo disso, o fato de o cientista mais renomado do mundo de sua época se interessar pela chamada “pseudociência” surpreendeu e surpreendeu os historiadores modernos.
Disputando a Bíblia
Além da alquimia, Newton passou seu tempo livre interpretando a Bíblia – mas não como a Igreja da Inglaterra sancionaria interpretações da palavra de Deus. Newton acreditava que a ciência e a religião eram a mesma coisa e que o código da natureza estava incorporado nas escrituras. Enquanto ele acreditava em Deus, ele discordou do texto bíblico que acreditava estar em contradição com o que sabia sobre o mundo real. Por exemplo, ele não acreditava que as pessoas devessem adorar a Santíssima Trindade, porque Jesus Cristo não tinha o mesmo nível de importância que o próprio Deus.
Além disso, Newton calculou que o mundo terminaria em 2060 . Ele determinou isso em seu estudo do Livro de Daniel no Antigo Testamento – mas não com base em nenhuma prova científica -, portanto, não reserve ainda um espaço da SpaceX para Marte!

Um gênio secreto
Pelo que sabemos agora, Newton escondeu informações importantes sobre seu gênio aos olhos do público, por medo do ridículo. Por fim, essa recente descoberta dos escritos de Newton sobre alquimia e interpretação bíblica não apenas muda a maneira como vemos Newton como um cientista, mas também revela como ele experimentou métodos não-ortodoxos para alcançar seus objetivos.
Longe de limitá-lo em suas investigações científicas, sua experiência criativa com a alquimia ajudou ainda mais as atividades estritamente científicas ao descobrir as três leis da gravidade. Imagine que mistérios os cientistas poderiam enfrentar abordando a solução de problemas como Sir Isaac Newton!

Séculos após sua morte, a presença de Newton ainda é muito sentida na Inglaterra. A Torre de Londres dedicou uma exposição inteira à Casa da Moeda Real, onde Newton trabalhou como Warden (o que é irônico, considerando seu fascínio secreto pela alquimia) a pedido do Chanceler do Tesouro, Charles Montague. Os turistas podem visitar seu cemitério na Abadia de Westminster. O Museu de História e Ciência da Universidade de Oxford mostra as contribuições de Newton para o que atualmente entendemos sobre o mundo.
Com novos entendimentos do brilhante fascínio do físico pela Pedra Filosofal, talvez seja adequado também encontrarmos Harry Potter presente em Oxford, como New College e o refeitório da Christ Church, que inspiraram o Grande Salão de Hogwarts.
Misturar maravilha e imaginação com ciência e matemática parece ser uma fórmula para a magia do tipo que promove nosso entendimento humano. Em um lugar onde o gênio e a criatividade prosperam, é algum mistério que eles possam criar um tipo muito moderno de reação alquímica ?!
Deseja saber mais?
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- “Alquimia” em nosso tempo. BBC., 24 de fevereiro de 2005. http://www.bbc.co.uk/programmes/p003k9bn . Acesso em 13 ago 2017.
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- “Isaac Newton” The Royal Mint Limited, 5 de setembro de 2007. http://www.royalmint.com/olympic-games/explore-your-coin/isaac-newton . Acesso em 29 ago 2017.
- “Newton, Isaac (1642-1727)” O mundo da biografia de Eric Weisstein. Wolfram Research, . Acesso em 14 ago 2017.
- Nix, Elizabeth. “9 coisas que você pode não saber sobre Isaac Newton” History.com. A&E Television Networks, 5 de julho de 2015. http://www.history.com/news/history-lists/9-things-you-may-not-know-about-isaac-newton . Acesso em 14 ago 2017.
- Pelta-Heller, Zack. “Sir Isaac Newton e a Pedra Filosofal” Biography.com. A&E Television Networks, 31 de março de 2017. https://www.biography.com/news/isaac-newton-alchemy-philosophers-stone . Acesso em 29 ago 2017.
- Pruitt, Sarah. “Redescobrindo a Alquimia de Isaac Newton” History.com. A&E Television Networks, 8 de abril de 2016. http://www.history.com/news/rediscovering-the-alchemy-of-isaac-newton . Acesso em 12 ago 2017.
- “Pseudociência” Merriam-Webster, https://www.merriam-webster.com/dictionary/pseudoscience . Acesso em 14 ago 2017.
- Williams, Liz. “Um novo arquivo online de Isaac Newton lança luz sobre uma época em que a ciência e a fé não foram divididas” The Guardian. Guardian News and Media Limited, 23 de março de 2012. https://www.theguardian.com/commentisfree/belief/2012/mar/23/isaac-newton-archive-science-faith . Acesso em 31 ago 2017.
http://www.edgeofyesterday.com/time-travelers/sir-isaac-newton-the-brilliant-heretic
A vida pessoal de Isaac Newton
Especialmente na parte inicial de sua vida, Newton era um personagem profundamente introvertido e ferozmente protetor de sua privacidade. Mesmo em sua maturidade, tendo se tornado rico, famoso, carregado de honras e aclamado internacionalmente como um dos principais pensadores do mundo, ele permaneceu profundamente inseguro, dado a ataques de depressão e explosões de temperamento violento, e implacável na busca de alguém por quem ele sentiu-se ameaçado. O exemplo mais famoso disso é sua campanha cuidadosamente orquestrada para destruir a reputação de Gottfried Leibniz, que ele acreditava (injustamente) ter roubado dele a descoberta do cálculo. No entanto, ele também era capaz de grande generosidade e bondade, e não faltam tributos a sua afabilidade e hospitalidade, pelo menos nos últimos anos.
Seus problemas psicológicos culminaram no que agora seria chamado de colapso nervoso em meados de 1693, quando, depois de cinco noites dormindo ‘sem piscar’, ele temporariamente perdeu o controle da realidade e ficou convencido de que seus amigos Locke e Pepys estavam conspirando contra ele. Mais tarde, ele confessou a Locke que, durante essa crise, “quando alguém me disse que você estava doente … eu respondi duas vezes melhor se você estivesse morto” (não está claro se Newton realmente contou isso a alguém ou apenas imaginou que ele tinha). Ele parece, no entanto, ter se recuperado completamente até o final do ano.
Muitos biógrafos pós-freudianos (e não apenas freudianos totalmente pagos) traçam as raízes da insegurança e agressividade de Newton desde os primeiros anos. Seu pai morreu antes de ele nascer. Quando ele tinha apenas três anos de idade, sua mãe se casou novamente e se mudou para a casa de seu novo marido, Barnabas Smith, deixando o bebê Isaac aos cuidados de seus próprios pais até a morte de Smith, sete anos depois, quando ela voltou, trazendo consigo. duas filhas e um filho de seu segundo casamento.
Deve-se dizer que esse arranjo não era particularmente incomum em meados do século XVII, mas isso não exclui por si só a possibilidade – se não a probabilidade – de que essa experiência inicial de perda e traição prejudicasse permanentemente a capacidade de confiança e confiança de Newton. amizade íntima. Também foi sugerido – embora isso seja puramente conjectural e muito contestado – que ele era um homossexual reprimido, que, se verdadeiro, indubitavelmente teria colocado um homem de sua origem e educação sob extrema tensão mental.
Quaisquer que sejam as razões, permanece o fato de que o segredo defensivo de Newton torna extremamente difícil formar uma avaliação completa e equilibrada de seu personagem. Não há diários particulares e quase nenhuma de suas correspondências toca em detalhes de sua vida privada ou estado de espírito. Embora tenhamos sorte de ter uma coleção substancial de relatos de segunda e terceira mão dos primeiros anos de Newton (veja os documentos em Newton como Visto por Outros ), apenas muito poucos manuscritos em sua mão datam de sua infância e graduação. , forneça uma visão mais direta de seu mundo pessoal.
De longe, a mais importante delas é a lista que Newton escreveu em 1662 de todos os pecados que ele se lembrava de ter cometido, os quais manteve atualizados por um período incerto, mas bastante curto depois (no Caderno de Fitzwilliam ). Dirigido diretamente a Deus, isso dá uma visão fascinante da consciência de Newton. Talvez a característica mais marcante da lista seja quão curta é e quão inócua a maioria dos ‘pecados’ agora parece. Os delitos que Newton confessou são muito menos atrevidos do que aqueles registrados no diário muito mais famoso e substancial de Samuel Pepys, mas obviamente pesavam muito nele, e ele adotou a mesma estratégia que Pepys de escrever em taquigrafia como uma espécie de código (embora em ambos casos, é um código relativamente simples de decifrar).
Diz muito sobre o elenco severamente puritano da educação de Newton que, muitos anos após o evento, ele ainda se sentia culpado por vários casos menores de quebra do sábado, incluindo ‘Esguichar água no teu dia’ e ‘Fazer tortas no domingo à noite’. Para outros ouvidos seculares modernos, outros delitos parecem ainda mais inócuos: “Discurso ocioso no teu dia e em outros momentos”; “Irritação no mestre Clarks por um pedaço de pão e manteiga”. No entanto, há também indícios das fúrias e depressões sombrias que continuariam arruinando sua vida adulta: ‘Golpeando muitos’; ‘Socando minha irmã’; ‘Desejando a morte e esperando para alguns’.
Nada mais tão reveladoramente pessoal quanto isso sobrevive, mas muito pode ser lido nas entrelinhas dos outros cadernos particulares que Newton mantinha quando era estudante e estudante de graduação.
No caderno Pierpont Morgan , iniciado provavelmente em 1659 (dois anos antes de Newton ir para Cambridge), existem inúmeras séries de palavras organizadas, sob vários títulos de assuntos, em ordem quase alfabética. Isso foi feito, presumivelmente, como um exercício de escrita e / ou construção de vocabulário e, na maioria das vezes, as listas são copiadas literalmente de um livro de texto popular da época, a Nomenclatura brevis anglo-latina de Francis Gregory, mas Newton faz algumas adições surpreendentes e certamente reveladoras. A palavra ‘pai’, copiada de Gregory, é seguida pelo próprio suplemento de Newton ‘Fornicator, Flatterer’, enquanto ‘Brother’, embora seja de fato seguido por ‘Bastard’ na lista de Gregory, provocou uma saraivada de termos abusivos adicionais em Newton. mente, incluindo ‘Blasphemer’, ‘Brawler’, ‘Babler’, ‘Babylonian’, ‘Bishop’ e terminando com ‘Benjamite’. Um ‘benjamita’ era um filho caçula excessivamente indulgente (em referência a Gênesis 42, em que Jacó mostra seu filho mais novo, Benjamin, tratamento preferencial sobre seus irmãos). É certamente significativo que o meio-irmão mais novo de Newton também fosse chamado Benjamin.
A outra evidência mais crucial para a compreensão do desenvolvimento de Newton na adolescência e na idade adulta é fornecida pelas listas de despesas que ele manteve de 1659 a 1669 no caderno Fitzwilliam e outra agora conhecida como caderno Trinity . Isso suaviza a imagem de um puritano Newton, egoísta e egoísta, revelando que, quando ainda era estudante, saía de vez em quando para a taberna e para o boliche e até jogava cartas (e perdia) ocasionalmente. Talvez ainda mais surpreendente, ele parece ter administrado uma operação informal de empréstimo de dinheiro para colegas de Cambridge, embora não seja claro se ele cobrou juros sobre seus empréstimos.
Esses notebooks também representam o desenvolvimento dos interesses intelectuais de Newton. Sua inclinação prática, que mais tarde lhe permitiu conceber e conduzir experimentos sem assistência e construir a maior parte de seu próprio aparato científico, já é evidente no caderno de anotações de Pierpont Morgan , cuja parte inicial está repleta de receitas para fazer tintas, remédios e instruções para executando truques de conjuração. Em 1669, as listas de despesas começam a se encher de compras de (al) materiais químicos, livros e equipamentos para estocar o laboratório privado que ele montou nos terrenos do Trinity College. Sua desilusão com o currículo muito conservador oferecido em Cambridge é evidenciada por outro caderno ( Add. Ms. 3996 na Cambridge University Library), que começa com uma série de notas sobre Aristóteles e outras fontes acadêmicas ortodoxas, mas depois muda bruscamente de tática e se envolve ativamente com as mais recentes teorias da ciência e da matemática, particularmente as de Descartes.
As atividades intelectuais de Newton na graduação eram quase inteiramente extracurriculares. Seu desprezo quase total pelos assuntos que ele deveria estar estudando – principalmente a ética e a filosofia natural de Aristóteles – na verdade o levou a ser considerado um estudioso decididamente pobre até que seu gênio foi reconhecido pelo professor de matemática Isaac Barrow. Mas, como este caderno prova, ele estava de fato muito mais em contato com os desenvolvimentos atuais em bolsas de estudos internacionais do que a maioria de seus tutores e professores.
Infelizmente, esse material pessoal não sobrevive – se é que existiu – a partir da fase posterior, mais pública da carreira de Newton. Mas as idéias que esses documentos oferecem em seus anos de formação, adolescência e início da idade adulta os tornam indispensáveis a qualquer tentativa de formar uma imagem arredondada de Newton, o homem.
http://www.newtonproject.ox.ac.uk/his-personal-life
Sir Isaac Newton morreu em 31 de março de 1727, de acordo com o calendário gregoriano, e seus restos mortais foram depositados na Abadia de Westminster, uma honra reservada a alguns, em 8 de abril. O século XVIII o considerou um exemplo de gênio, virtude e humanidade excelente.
Pero, aunque no se reconociera a la luz del día, todos sabían que había algo oscuro en el héroe británico. En uno de sus últimos gestos conscientes, rechazó la extremaunción; durante toda su vida se había estado preparando para otro estado de existencia, les dijo a quienes le acompañaban en sus últimos momentos; no había necesidad de ayuda externa alguna.
Ya en vida, Newton había dado muestras, para quien quisiera mirar, de su simpatía por el antitrinitarismo, una herejía de gravedad suprema que no sólo podía costar la cárcel, sino incluso la muerte (en las Islas Británicas, la última ejecución por blasfemia tuvo lugar en Escocia en 1697, y la última encarcelación, en 1922).
Cuando los familiares catalogaron su patrimonio, aparecieron “cincuenta kilos de papeles” (one hundred weight) en completo desorden, sin fecha y sin instrucciones sobre su propósito. Un rápido vistazo dejó entrever las discretas aficiones del que triunfó en la vida como físico y matemático: alquimia, teología y una peculiar historia de la Iglesia.
En su libro The Newton Papers: The Strange and True Odyssey of Isaac Newton’s Manuscripts, la escritora e investigadora Sarah Dry cuenta al detalle el proceso que siguieron dichos papeles a lo largo de tres siglos de casualidades y malabares que se conjugaron para que el legado del padre de la física moderna no viera nunca la luz.
A los herederos, como era costumbre en la época, si no en todas, no les interesaba el contenido, sino el precio que alguien podría pagar por publicar los manuscritos, si es que alguno podía ser publicado. Es así que pidieron la opinión de un miembro de la Royal Society, Thomas Pellet, quien se convirtió así en el primero con acceso directo a los secretos de Isaac Newton.
El trabajo le llevó a Pellet sólo tres días, tiempo que estimó suficiente para poder afirmar que nada de aquello tenía valor alguno, así que, salvo cinco documentos que vieron la luz con el paso de los siglos, el resto de papeles no tenían más destino que encender el fuego del hogar. En defensa de Pellet, su misión era precisa y clara: determinar el valor en el mercado del legado de Newton, y, en aquellos tiempos, no había interés alguno por la vida de las personas salvo que fueran santos de la Iglesia; si algo se publicaba, es porque aportaba una idea importante de ser leída. Y aquellos papeles eran, desde el primer contacto, ilegibles en su desorden.
Sólo Catherine Barton, la sobrina que había acompañado a Newton en su solitaria vida, y su marido, John Conduitt, se mostraron preocupados por conservar aquel legado como homenaje póstumo a su familiar. En poco tiempo, Conduitt se dio cuenta del peligro que aquellos papeles podrían suponer para la reputación de su tío político: entre otras lindezas, Newton consideraba que la Iglesia se había inventado, en el siglo IV, la doctrina de la Santísima Trinidad. El “santo” enterrado en Westminster era, definitivamente, un hereje.
Y si Conduitt acertó a comprender la gravedad del legado, ¿acaso la desidia de Pellet no escondería un acto más noble, al menos desde su punto de vista, como habría sido proteger la fama de su colega? Esto, por descontado, nunca lo sabremos.
El caso es que dos de las cinco obras recomendadas por Pellet, las únicas que vieron la luz por entonces, ya provocaron serios debates sobre la personalidad de Newton: la Cronología corregida de los reinos antiguos y, sobre todo, las Observaciones sobre las profecías de Daniel y el Apocalipsis de San Juan. Voltaire diría en su defensa que tales no habían sido más que divertimentos del padre de la era de la razón para relajarse tras duras jornadas de trabajo racional y científico. Nada por qué preocuparse.
Tras la muerte de John Conduitt, primero, y de Catherine, después, los papeles deberían llegar, por voluntad expresa de ella, a manos de un editor controvertido por simpatizar con las herejías: Ashley Sykes. Pero Katty Conduitt, la hija de John y Catherine, no hizo caso de semejante voluntad y, tras su matrimonio con el Primer Conde de Portsmouth, los papeles continuaron su viaje por la biblioteca de los Condes, en Hurstbourne Park, durante varias generaciones.
Muy pocos consiguieron echarles un vistazo hasta 1872, debido al celo con que los herederos quisieron conservar el secreto. Mientras tanto, aparecieron otros documentos en diversos lugares de Inglaterra que alimentaban el morbo en torno a las aficiones heterodoxas del mayor científico de la era moderna. Pero los contenidos aireados, por un lado, y la incapacidad de comprenderlos, por otro, apenas daban para discusiones sobre la pureza anglicana de Newton o su carácter herético.
El siglo XIX complicó las cosas. En la década de 1820, el francés Jean Baptist Biot dio a conocer que Newton había experimentado una crisis mental en 1693, la cual le sumió en estados de enajenación y profunda melancolía; todo ello, concluía, debía mostrar que el trabajo científico había sido anterior a dicha crisis, y que los intereses espirituales no eran sino el fruto de posteriores momentos de locura transitoria.
El asunto no era ninguna tontería: si la mente de Newton, supremo ejemplo del científico moderno, no estaba gobernada por las reglas de la lógica conocida y un estricto orden discursivo en el momento de sus grandes descubrimientos científicos, la racionalidad no podía ser, entonces, el mayor logro intelectual de la humanidad. El genio tenía un origen suprarracional, y eso no era lo que querían descubrir precisamente los abanderados del pensamiento moderno, sobre todo cuando se acaba de acuñar (1834) una nueva palabra, “científico”, para referirse a la persona que cultiva la ciencia.
La conclusión que venía de Francia era clara: la ciencia es una cosa sensata; los otros asuntos del espíritu humano, desvaríos de una mente inestable. Con todo, los ingleses tenían otra forma de ver el asunto, pues los británicos de ciencia presumían, a su vez, de su fe. La conjunción de ambas era síntoma de una mente virtuosa. David Brewster se tomó como cruzada personal demostrar que Newton había sido racional tanto en los asuntos de ciencia como en las cuestiones teológicas. No había un antes y un después, sino un proceso común y entrelazado de temas que se complementaban entre sí.
Y, aunque el virtuoso Brewster vería tambalearse su piedad por el genio después de que, tras años de intentos frustrados, el Conde de Portsmouth le concediera el privilegio de acceder a los papeles de Hurstbourn Park, siguió en sus treces de defender el honor de Newton.
Tras largos años de estudio, no pudo por más que concluir lo siguiente: los papeles de Newton movían al desconcierto con sus divagaciones alquímicas, heréticas y esotéricas, pero estaba seguro de que semejante desconcierto no era sino el fruto de contemplar una obra inacabada; de haber tenido más tiempo, Newton habría podido corregirlos apropiadamente, de modo que expresarían unas ideas más acordes a la doctrina cristiana y a la razón científica.
Pero este empeño “irracional” de un científico como Brewster, traducido en dos décadas de defensa contra viento y marea, se podría entender mejor si nos remitimos a otro sentir que impregnaba la época, más amplio y social que la mera defensa de un carácter, pues se elevaba a rango de defensa nacional: la necesidad de mantener la hegemonía británica frente al Continente exigía que la ciencia, motor de la Revolución industrial y de los grandes avances técnicos por los que existía el Imperio, fuese un asunto colectivo, es decir, que hubiese fondos económicos para formar científicos.
Y, para ser colectiva, la ciencia no podía depender de los arrebatos irracionales o revelaciones intuitivas de genios solitarios, sino que debía poder enseñarse como cualquier otra profesión y que dicha enseñanza garantizara resultados; cualquiera que siguiese los pasos intelectuales de Newton tenía que poder convertirse en Newton.
Y, así, como suele pasar cuando el empeño se pasa de bravo, las cosas se fueron complicando cada vez más.
La Universidad de Cambridge había creado un nuevo sistema educativo que se basaba en la escritura como método de examen –hasta entonces lo normal era la escucha y la exposición oral— que facilitaba la creatividad del estudiante. Y hete aquí que los papeles de Newton debían ser el ejemplo supremo de que escribir era una gran ayuda para desarrollar el genio de los aspirantes a científicos. Si se podían analizar los apuntes de Newton, se podría fijar el método seguido y convertirlo en un proceso a imitar.
En 1872, Isaac Newton Wallop, quinto Conde de Portsmouth, aceptó entregar a la Universidad de Cambridge los papeles custodiados durante más de un siglo por sus celosos antepasados. Con todo, limitó la donación a aquellos papeles con contenido científico. Debido al desorden de los documentos, el Sindicato, que así se llamó al grupo de cuatro estudiosos del legado newtoniano, se topó con textos alquímicos y teológicos que deberían ser devueltos al Conde de Portsmouth por contravenir el acuerdo. Pero, al menos, podrían ser estudiados.
Todo ello bastó para que, a pesar del interés y la insistencia por poseer tales documentos, pasaran dieciséis años sin que los encargados de su catalogación llegaran muy lejos: el método de Newton no se ajustaba a los requisitos racionales que Cambridge aconsejaba a sus estudiantes para que estos pudieran llegar a ser como Newton. Sin embargo, tras década y media sin publicar nada sobre el legado, al final se atrevieron con algunas conclusiones, las cuales salvaban al padre de la física moderna de cualquier simpatía por lo irracional: los diferentes borradores y versiones de un mismo ensayo sobre alquimia o teología no eran la prueba de su interés por el mismo y el síntoma de un largo y dinámico proceso de reflexión sobre un asunto al que le daba muchas vueltas. Todo lo contrario: sin duda, y debido a su hermosa caligrafía, Newton se había obsesionado con la escritura hasta el punto de hacer prácticas con cualquier tema.
Y, aunque los papeles que quedaron en Cambridge estuvieron a disposición de cualquiera desde 1888, apenas despertaron interés alguno durante sesenta años, hasta la década posterior a la Segunda Guerra Mundial.
Tampoco volvería a prestársele demasiada atención a lo que quedó en Hurstbourne Park hasta que, en la década de 1930, y debido a la progresiva decadencia del sistema aristocrático de grandes propiedades, imposible de mantener por una nobleza con pocos recursos para las nuevas formas del siglo XX, el heredero de turno, Gerard Wallop, decidió subastar el legado de su ancestro, aprovechando la fiebre de coleccionismo que arrasaba las centenarias bibliotecas nobiliarias de Gran Bretaña.
En 1936, la casa Sotheby’s sacaba a subasta “los papeles de Sir Isaac Newton”: tres millones de palabras escritas por su mismísimo puño; 1.250.000 de ellas estaban dedicadas a asuntos de teología; 650.000, a alquimia; 250.000, a cronologías. Al menos, eso afirmaba el catálogo.
Por lo general, a los coleccionistas no solía importarles la temática, sino la historia material de los documentos que compraban, quiénes los escribieron, quiénes los poseyeron, en qué lugares criaron telarañas y cosas así. Pero hete aquí que, en la subasta de Newton aparecieron dos figuras que sí estaban interesadas en el contenido: John Maynard Keynes y Abraham Yahuda.
El gran economista de la primera mitad del siglo XX era un apasionado del misterio y estaba seguro de que las obras de los grandes pensadores que en el mundo habían sido no eran sino la superficie de un profundo océano de significados aún por descubrir. El segundo era uno de los más afamados expertos en filología hebrea y sabiduría rabínica de la época. El primero pujó por una considerable cantidad de textos alquímicos; el segundo, por los ensayos de teología.
Las decenas de lotes que se subastaron disolvieron el legado de Newton. Fueron numerosos los compradores y ninguna institución británica importante –Cambridge, Oxford, Trinity, Museo Británico— estuvo presente para luchar por él. La Universidad de Cambridge tranquilizó a los más indignados, haciéndoles saber que su catálogo de 1888 bastaba para hacerse una idea de lo verdaderamente importante. El resto no valía la pena.
Poco después de la subasta, Keynes se dio cuenta de que quería más papeles de los que ya tenía y, de paso, se sintió responsable de reunir lo que Sotheby’s había separado. Aprovechando sus contactos en el mundo de las subastas, comenzó las negociaciones.
Puesto que su intención era donar los papeles a una institución de referencia para honrar la memoria de Newton, no le fue difícil convencer a muchos de que le vendieran sus adquisiciones. El gran obstáculo en su camino fue Yahuda, que no quería vender, pero sí intercambiar algunos papeles: Keynes tenía documentos de teología que interesaban a Yahuda, y Yahuda se había hecho con otros de alquimia por los que Keynes estaba realmente interesado.
Así pasaron los años, pero el legado seguía dividido, aunque ambos acordaron compartir públicamente los resultados de sus estudios sobre los documentos que poseían. Por primera vez en tres siglos, alguien se había tomado la molestia de estudiar a fondo, y hacerlo saber, el pensamiento del más grande filósofo natural de la historia.
Según ya había confirmado Yahuda en una carta de 1938 a Keynes, Newton estaba muy lejos de ser un vulgar supersticioso de la alquimia o un simple charlatán de la cábala. Keynes confirmó que los estudios esotéricos fueron simultáneos a los tiempos en que escribía los Principia Mathematica; no había locura a la que culpar por los deslices del genio, salvo que ésta, y no el método racional, hubiese generado también las leyes de la física clásica.
Con motivo del tricentenario del nacimiento de Isaac Newton, entre finales de 1942 y comienzos de 1943, Keynes dio varias conferencias cuyo contenido quedó recogido en un breve ensayo: Newton, the Man. El mensaje fundamental era que Newton no era quien todos creían o habían querido creer. No era un dechado de virtudes, como quiso el siglo XVIII, ni un modelo de racionalidad, como quisieron todos los siglos, ni el científico perfecto en su método, como habían soñado los decimonónicos sacerdotes de la ciencia pura e inmaculada, fieles creyentes del dogma de la objetividad eterna.
Isaac Newton fue, dice Keynes, un continuador de las viejas tradiciones que entendían el universo como un todo interconectado: “Newton no fue el primero de la era de la razón. Fue el último de los magos, el último de los babilonios y sumerios, la última gran mente que contempló el mundo visible e intelectual con los mismos ojos con que se empezó a construir nuestro patrimonio intelectual hace menos de diez mil años. Isaac Newton, un niño póstumo, nacido sin padre el día de navidad de 1642, fue el último niño prodigio a quien los reyes magos pudieran rendir un homenaje sincero y apropiado”.
¿Por qué fue un brujo?, se pregunta Keynes: “Porque consideraba todo el universo y todo lo que hay en él como un acertijo, como un secreto que podía ser revelado aplicando el pensamiento puro a ciertas evidencias, a ciertas claves místicas que Dios había puesto en el mundo para permitir que una hermandad esotérica se dedicara a una suerte de cacería de tesoros entre filósofos”.
Y concluye: “Cuando uno cavila sobre estas misteriosas colecciones, parece fácil comprender –con una comprensión que, espero, no se falsee hacia ninguna otra dirección—a este extraño espíritu, que fue tentado por el Diablo a creer, en la época en que estaba resolviendo tantas cosas dentro de estas paredes, que podía alcanzar todos los secretos de Dios y de la Naturaleza por medio del puro poder de su mente: Copérnico y Fausto a la vez”.
Keynes donó todo el material que había logrado reunir al King’s College de Cambridge. Por su parte, Yahuda, quien había tenido que huir del terror que asolaba Europa y que encontró la protección de Albert Einstein en Estados Unidos, se llevó consigo los documentos de teología para seguir profundizando en ellos y pasar el resto de su vida defendiendo lo que él consideraba que era el espíritu conciliador de Newton, a quien mostró como un buscador de una sabiduría primera, la filosofía perenne que se escondería tras los textos canónicos de las diferentes religiones y que sería, según esto, común a todas ellas.
Según las cartas existentes, Einstein tuvo acceso a los archivos de Yahuda poco después de que éste llegase a Estados Unidos y le solicitase ayuda para encontrar una institución dispuesta a acoger el legado. Pero, si bien Einstein se mostró aparentemente entusiasmado con los documentos y consideró su publicación de gran valor para comprender la forma de pensar de Newton, en una entrevista de 1955 realizada dos semanas antes de morir, afirmó que era necesario respetar la voluntad del matemático inglés, pues si había dejado tales documentos almacenados en cajas privadas y sin instrucciones para su publicación, así habrían de continuar por respeto a su memoria. Sin duda, decía Einstein, había asuntos personales que no deberían ver la luz.
Curiosa afirmación, cuando tantos grandes pensadores de Occidente han visto violada su privacidad, y cuando Newton pudo haberlo quemado todo antes de morir.
Con todo, si los documentos de Keynes descansaron en Inglaterra, los papeles custodiados por Abraham Yahuda acabaron almacenados en la Universidad Hebrea de Jerusalén.
Fuese cual fuese la verdadera posición de Einstein, y fuesen cuales fuesen los motivos para una u otra postura, ambas incompatibles, para Yahuda, los papeles de Newton mostraban a un hombre que tuvo que esconderse de su tiempo para poder seguir pensando lo que estaba prohibido pensar. Su maldición por querer ir más allá de los dogmas de los hombres fue tener que guardar silencio incluso después de muerto. Su sobrina falleció sin ver publicado el pensamiento de su tío, los editores dispuestos no llegaron a tiempo, los herederos custodios quisieron hacer olvidar al mundo que tal legado existía, los académicos inventaron para sus universidades un método “newtoniano” objetivo y racional de estudio e investigación que el propio Newton fue incapaz de imitar…
Durante los años 60 y 70, el esoterismo de Newton despertó pasiones, sobre todo a raíz de los trabajos de Frances Yates sobre el iluminismo rosacruz en el siglo XVII, mostrando así la pervivencia de una tradición oculta en el pensamiento occidental moderno, y de las interpretaciones de Carl Gustav Jung en relación a la alquimia, a la que veía como un método de desarrollo psíquico –aunque, como él mismo afirmara, si bien esto podría ser aplicable a sus orígenes gnósticos, no todos los alquimistas medievales y renacentistas tuvieron que ser conscientes de ello; de hecho, fueron muchos los que persiguieron realmente la transmutación de los metales, ajenos a la simbología hermética—. Sin embargo, y como suele pasar con estas cosas, los estudios serios sobre los papeles se diluyeron en un marasmo de acercamientos afines a la llamada New Age, lo cual no ayudó mucho a que el interés académico siguiera en aumento.
El caso es que, casi trescientos años después de su muerte, no se ha publicado jamás una sola edición de las obras completas de uno de los más grandes nombres de la historia de la humanidad. Por suerte, internet ha solventado esa ausencia y son varios los proyectos encargados de digitalizar los papeles que han llegado a nuestros días.
Más que hablar de sí mismo, el legado de Newton habla del mundo, del suyo presente y futuro, y del nuestro contemporáneo. De un mundo que, en su sinrazón, presume de poseer una racionalidad que lo aúpa en la cumbre del logro epistemológico. Sin embargo, echando un vistazo a los chascarrillos de la historia, se antoja que aún está por descubrir el primer ser humano racional.
Se isso fosse possível, é claro. Como Sarah Dry diz no epílogo de seu livro, é muito significativo o fato de ainda haver uma maioria surpresa ao descobrir que um cientista está ansioso para ir além de um pensamento cortado pelo método e limitado ao mundo tangível. .
Um tema inteiro para refletir sobre o que aconteceu com esta civilização que, ou esqueceu a complexidade do ser humano, ou foi convencido de que essa complexidade não faz parte da realidade, mas uma “anormalidade” cuja remoção é conveniente .
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https://cualia.es/el-pensamiento-magico-de-isaac-newton/
Gay, religioso e mágico: o lado oculto de Isaac Newton

Criador das teorias da mecânicaclássica, da óptica e da gravidade, IsaacNewton é um dos cientistas mais famosos da história. Físico, matemático, astrônomo, filósofo e teólogo, Newton escondeu aspectos obscuros e bizarros durante sua vida. Muitos que escreveram sobre ele, o definiram como o último dos mágicos, como fez o economista John Keynes, ou outros que falvam de Newton como um místico e fanático, longe da razão. Veja a seguir 5 coisas que você nunca imaginaria sobre o cientista:
Leia também: O que é a gravidade?
#1 Cientista e religioso
Isaac Newton acreditava que o movimento e as órbitas dos planetas eram definidos por Deus, e que a composição da matéria, bem como o homem e os animais, não seriam tão perfeitos se tivessem nascido do acaso. Ele passou grandes períodos da sua vida fazendo cálculos para confirmar as histórias bíblicas e morreu tentando descobrir qual era a data do juízo final. Apesar disso, odiava a Igreja Católica.
#2 Religioso e pecador
O cientista anotava em seus cadernos todos os pecados que cometia, que incluiam desde roubo cerejas, bater na irmã, até desejar a morte de outras pessoas.
#3 Verdadeiro nome
Seu nome era Jeová Sanctus Unus, de onde surgiu o nome pelo qual o conhecemos. Isaac Newton é o anagrama do nome do cientista, Isaacus Neeutonus, em latim. O pseudônimo foi adotado porque Newton era um alquimista e trabalhava numa sociedade secreta, em busca de desvendar os segredos do Universo.
#4 Cobaia de si mesmo
Isaac Newton enfiou uma agulha no próprio olho para testar as propriedades da visão e sua relação com a luz. Ele descreve em seu diário as várias experiências que fez consigo mesmo, e que quase o deixaram cego inúmeras vezes.
#5 Morreu virgem
Acredita-se que Newton não tenha tido nenhuma relação sexual porque não há registros nenhum dele com mulheres. O máximo que foi encontrado foram cartas com conteúdos suspeitos afetivos, que ele trocou com um amigo e aluno, Nicholas Fatio de Duillier, um matemático suiço.
https://www.vix.com/pt/bbr/ciencia/3153/gay-religioso-e-magico-o-lado-oculto-de-isaac-newton
Segredos escuros de Newton
Ele foi o maior cientista de seus dias, talvez de todos os tempos. Mas enquanto Isaac Newton estava ocupado descobrindo a lei universal da gravitação, ele também procurava significados ocultos na Bíblia e seguia a arte secreta da alquimia. Neste programa, a NOVA explora a mente estranha e complexa de Isaac Newton.
Usando cenas de docudrama estreladas por Scott Handy (Henry VIII do teatro de obras-primas) como Newton, este filme recria o clima único da Inglaterra do final do século XVII, onde um novo fascínio pela ciência e pela matemática coexistia com visões extremas da doutrina religiosa. Newton compartilhou as duas obsessões.
Segredos escuros de Newton
Data original do PBS: 15 de novembro de 2005
NARRADOR: Em 1936, uma enorme coleção de documentos científicos e papéis pessoais foi colocada em leilão na Sotheby’s, em Londres. Esses documentos nunca haviam sido vistos pelo público, e um grande número deles foi comprado pelo famoso economista britânico John Maynard Keynes. Muitos foram escritos em código secreto e, durante seis anos, Keynes lutou para decifrá-los.
Ele esperava que eles revelassem os pensamentos particulares do homem que inventou um novo ramo da matemática, chamado cálculo; descobriu a composição da luz; e nos deu as leis da gravidade e do movimento, que governam o universo; o homem que é considerado o fundador da ciência moderna, Sir Isaac Newton.
GALE CHRISTIANSON (Autor, Isaac Newton): Newton introduziu uma era, a era newtoniana, e teve como premissa o conceito de que tudo, virtualmente, no universo era passível de compreensão científica.
WALTER LEWIN (Instituto de Tecnologia de Massachusetts): O trabalho de Newton tem uma beleza, uma simplicidade e uma elegância que o tornam o maior trabalho científico já realizado.
Narrador: Mas o que Keynes encontrou destruiu sua imagem de Isaac Newton. Pois, nesses manuscritos, Keynes descobriu um Isaac Newton desconhecido para o resto do mundo, um Isaac Newton que parecia obcecado pela religião e dedicado ao ocultismo.
STEPHEN SNOBELEN (Universidade do King’s College): Hoje ele é conhecido como uma espécie de sumo sacerdote da Era da Razão, mas isso é uma má interpretação de Newton.
SIMON SCHAFFER (Universidade de Cambridge): A interpretação moderna de Newton é o mais longe possível do que o próprio Newton pensava.
PAMELA SMITH (Columbia University): Por um lado, podemos reconhecê-lo como cientista, mas, por outro lado, ele está buscando uma atividade que agora chamamos de pseudociência.
NARRADOR: Agora cientistas e historiadores estão tentando conciliar o Isaac Newton que pensavam conhecer com o Isaac Newton que estão descobrindo em seus trabalhos particulares.
JAMES FORCE (Universidade de Kentucky): Nosso projeto agora deve ser ver Newton do jeito que Newton era, em vez de tentar ver Newton do jeito que queremos que ele seja.
NARRADOR: O que esses documentos misteriosos revelam sobre um dos maiores cientistas de todos os tempos? Os Segredos Escuros de Newton agora no NOVA.
Narrador: Em uma biblioteca em Jerusalém, existe um documento intensamente curioso. Foi escrito há cerca de 300 anos, e apenas alguns estudiosos já o examinaram. O autor foi sem dúvida o cientista mais importante de todos os tempos, um gênio que descobriu as leis da física que governam todo o cosmos, Sir Isaac Newton.
O sujeito? O cálculo de Newton da data em que a Bíblia disse que o mundo como o conhecemos terminaria na Batalha do Armagedom:
o ano de 2060.
STEPHEN SNOBELEN: Se este cálculo estava correto, então estamos perto da hora do fim. É exatamente para isso que esse tipo de cálculo apontaria.
Narrador: Quando este documento chamou a atenção do público recentemente, eram manchetes. Mas por que Isaac Newton estava fazendo essa terrível previsão?
JAMES FORCE: Achamos surpreendente que Newton pareça um televangelista falando sobre o fim dos tempos. Só achamos chocante porque fizemos de Newton algo que ele não é. Fizemos Newton em uma imagem racionalista e esclarecida. Isso não é Newton.
STEPHEN SNOBELEN: O que esses manuscritos revelam é um Newton muito diferente do que a maioria das pessoas imagina . Este é um Newton que não é um cientista frio e calculista. Isso está revelando Newton em toda a sua glória – verrugas e tudo, se você quiser.
Narrador: Então, quem era o verdadeiro Isaac Newton?
Em uma pequena fazenda na zona rural da Inglaterra, chamada Woolsthorpe, a vida conflitante de Isaac Newton começou em 1642. Nesse mesmo ano, o astrônomo Galileu havia morrido e seu trabalho ainda estava enviando ondas de choque pela Europa.
Galileu havia arriscado sua liberdade desafiando a crença antiga, mantida pela Igreja Católica, de que o sol se movia ao redor da Terra. Baseado não na fé, mas na observação, ele confirmou que a Terra era apenas um dos vários planetas que orbitam o sol.
Era o início da revolução científica, uma época em que a ciência e a razão redefiniriam o mundo.
GEORGE SMITH (Instituto Dibner): Havia uma sensação de uma era totalmente nova. A própria idéia de ter o mundo empírico respondendo às nossas perguntas, essa idéia estava se apoderando de uma maneira que quase nunca havia feito antes.
NARRADOR: E desde tenra idade, Newton foi dominado por essa nova perspectiva. Quando menino, ele se debruçou sobre um livro chamado Os mistérios da natureza e da arte, um manual para construir engenhocas mecânicas e investigar o mundo natural.
GALE CHRISTIANSON: Ele estava preocupado com as coisas que preocupam os físicos – pelo tempo e pelo movimento -, então ele fazia moinhos de vento; ele fez pequenos barcos. Ele empinou pipas que supostamente “assustaram” os locais; ele amarrou velas nelas, e elas foram acesas, e pensaram que eram cometas.
NARRADOR: Mas desde o início, havia outro lado de Isaac Newton. Seu pai morreu antes de ele nascer e, quando ele tinha apenas três anos de idade, sua mãe se casou e se mudou, deixando o jovem Isaac para trás com seus avós. Mais tarde, Newton confessou tanta raiva que queria queimar a mãe e o padrasto na casa deles.
E quando ele saiu de casa para a Universidade de Cambridge, Newton havia passado por duas décadas de violenta turbulência política e social: uma sangrenta guerra civil, a decapitação do rei e a restauração da monarquia sob Carlos II em 1660.
Em Cambridge, Newton se enterrou em seus estudos.
SIR ISAAC NEWTON (Dramatização): A verdade é fruto do silêncio e da meditação ininterrupta.
GALE CHRISTIANSON: Ele não foi a lugar nenhum. Quero dizer, ele raramente viajava. Ele nunca foi ao continente. Ele era tão insular. Quero dizer, ele ficou em seus quartos. Ele trabalhava sete dias por semana, 18 horas por dia, e se esforçava, dirigia. Ele tinha uma biblioteca própria que tinha cerca de 1.600 ou 1.800 volumes, mas era um mundo que chegava até ele através de impressos ou manuscritos de outras pessoas.
NARRADOR: A atmosfera decadente de Cambridge era algo de que o jovem recluso Newton não queria participar.
ROB ILIFFE (Imperial College London): Foi uma época – principalmente após a restauração de Carlos II -, uma época de muita diversão e brincadeira. E acho que Newton ficaria consternado com muitas das artimanhas de seus colegas estudantes: beber, perseguir jovens más nas aldeias locais.
Narrador: Para resistir à tentação, Newton elaborou um plano que ele seguiria pelo resto da vida.
SIR ISAAC NEWTON (Dramatização): O caminho para a castidade não é lutar diretamente com pensamentos incontinentes, mas desviá-los com algum emprego, lendo, meditando sobre outras coisas ou conversando. Pois aquele que sempre pensa em castidade estará sempre pensando em mulheres.
ROB ILIFFE: Ele é um jovem muito silencioso e atencioso que, suponho, parece ser totalmente entediante do lado de fora. Acho que não há evidências de que alguém tenha gostado dele, além de seu amigo John Wickins.
Narrador: John Wickins foi outro aluno de Cambridge. Ele e Newton se tornaram colegas de quarto depois que ambos ficaram infelizes vivendo com estudantes que colocavam prazer antes do trabalho.
ROB ILIFFE: Eles têm um relacionamento muito peculiar, porque Wickins é alguém com um status mais alto que Newton em Trinity e parece ter se tornado o amanuensis de Newton, ou seja, sua secretária, nos próximos 20 anos. Mas eles devem ter sido muito próximos. Eles viveram nos mesmos quartos por 20 anos.
NARRADOR: Quando estudante, Newton devorou as mais recentes idéias científicas.
Foi amplamente aceito nessa época que os planetas orbitam o sol. Mas agora a pergunta era: “Como os planetas se moviam? O que os mantinha em suas órbitas?”
A teoria mais popular veio do filósofo francês René Descartes, que pensava no universo como uma máquina gigante, como um relógio. Descartes disse que tudo, mesmo as órbitas dos planetas, poderia ser explicado simplesmente como as interações físicas de partes desta máquina. Mas Newton teve dificuldade em aceitar essa visão da natureza.
JED BUCHWALD (Instituto de Tecnologia da Califórnia): Newton é um cara muito esperto e ficou convencido de que os únicos tipos de afirmações aceitáveis são aquelas que você pode, para ser franco, testar em laboratório.
NARRADOR: Mas, assim como Newton estava sondando os limites de Descartes, a praga atingiu a Inglaterra. Milhares morriam toda semana. A universidade fechou e Newton voltou para casa para evitar infecções. E foi aqui, no pomar de maçãs, perto da casa da família, que nasceu a lenda de Isaac Newton.
JED BUCHWALD: A história, é claro, é que ele está deitado no jardim lá – e em vez de pensar em garotas, ele está pensando na lua e como ela gira em torno da Terra e assim por diante – e uma maçã cai. E a história segue essa história, de repente ele tem a ideia de que a mesma coisa que faz a maçã cair é o que mantém a lua em sua órbita.
NARRADOR: Newton contou essa história sozinho na velhice, afirmando que, com a queda daquela maçã, ele percebeu que o que mantinha os planetas em órbita não era um mecanismo físico como o relógio de Descartes, mas uma força invisível que ele chamava de “gravidade”.
E ele estava convencido de que a força que puxava maçãs para a Terra e mantinha a lua em órbita ao redor da Terra era a mesma coisa.
Ele ficou acordado até tarde da noite, calculando a força dessa força à luz do fogo. Mas quando os números não deram certo, ele deixou a ideia de lado. Ou então a fábula continua.
JED BUCHWALD: Duvido que uma maçã tenha sido o que o estimulou a entender a idéia.
MORDECHAI FEINGOLD (Instituto de Tecnologia da Califórnia): É quase certamente uma história apócrifa.
WALTER LEWIN: Sim, acho que nem se sabe se isso aconteceu.
SIMON SCHAEFER (Universidade de Cambridge): Sou extremamente cético sobre o papel da fruta na vida de Newton.
Narrador: Mas não há dúvida de que o movimento de objetos como maçãs e a lua cativou Newton neste momento.
O cientista italiano Galileu provou, em um famoso experimento em movimento, que todos os objetos que caem na Terra ganham velocidade, ou aceleram para baixo, na mesma proporção, independentemente de sua massa. E encontrar a velocidade média de um objeto em queda foi um processo simples.
Por exemplo, se você deseja encontrar a velocidade média de uma maçã que cai de uma árvore, tudo o que você precisa fazer é dividir a distância que a maçã percorre pelo tempo que leva para ela cair. Mas Newton não estava satisfeito com a média. Qual seria a velocidade de uma maçã, que está constantemente acelerando, em todos os pontos do caminho? Qual seria a velocidade da maçã a meio caminho do chão?
Para descobrir, você pode medir a velocidade média da maçã em períodos cada vez menores. Quanto menor o intervalo, mais perto você fica da velocidade da maçã naquele momento. Mas, para encontrar sua velocidade precisa em um único instante, você deve reduzir esse intervalo de tempo o mais próximo possível de zero.
WALTER LEWIN: Newton inventou uma maneira de tornar esse intervalo de tempo infinitesimalmente pequeno. O que é infinitesimalmente pequeno? Isso é menor do que qualquer número que você possa imaginar. Não é zero, mas é menor que qualquer número do que você pode imaginar.
NARRADOR: Pela primeira vez, foi possível calcular quantidades que mudavam constantemente, como a velocidade de uma maçã caindo em um determinado momento ou como a posição de um planeta muda com o tempo.
Com essa técnica, Newton inventou um ramo inteiramente novo da matemática, chamado “cálculo”.
WALTER LEWIN: E isso mudou toda a ciência, é claro. Todo o modo de ver o mundo mudou por causa do cálculo, sim.
PETER GALISON (Universidade de Harvard): O cálculo era uma compreensão quantitativa da maneira como as coisas mudam, não apenas a velocidade, mas também a física, a química e até as populações. Qual a velocidade da população mudar ao longo do tempo? Essa estrutura matemática se torna a linguagem na qual a ciência moderna é formulada.
Narrador: Hoje, o cálculo aparece em toda parte, desde a análise do mercado de ações até a modelagem da mudança climática global.
GALE CHRISTIANSON: Quando ele tinha 22 anos, trabalhando no cálculo de Woolsthorpe, ele era o maior matemático que o mundo já havia visto e ninguém sabia. Só Newton sabia, e esse era o seu segredo.
JED BUCHWALD: Esse era um cara que adorava computação de todos os tipos. Entre as coisas que você pode ver se abrir os manuscritos dele, por exemplo, está … há lugares em que você descobrirá que ele calculou logaritmos em 50 lugares e coisas assim – não porque ele precisasse, mas porque ele gostava Fazendo. Quero dizer, foi um prazer para ele fazer esse tipo de coisa.
NARRADOR: E se isso não bastasse, Newton derrubou a sabedoria aceita sobre como as cores são produzidas, realizando um experimento sobre si mesmo com uma agulha grande ou um estojo.
SIR ISAAC NEWTON (Dramatização): Peguei um estojo e coloquei entre o olho e o osso o mais próximo possível da parte posterior do olho, e pressionando o olho com a ponta para fazer a curvatura do olho , apareceram vários círculos brancos, escuros e coloridos.
NARRADOR: Felizmente, Newton descobriu uma maneira mais segura para investigar luz e cor através de um prisma.
De Aristóteles a Descartes, os cientistas pensaram que a luz do sol, ou luz branca, era pura. As cores eram produzidas modificando fisicamente a luz branca, o que eles acreditavam que passava através de um prisma.
Mas Newton decidiu ver por si mesmo. Enviando luz solar através de um prisma, ele produziu o espectro de cores. E então ele foi um passo além: ele enviou o raio de luz vermelho através de um segundo prisma. Em vez de criar uma nova cor, ela permaneceu vermelha.
Newton concluiu que a luz branca não é pura, mas uma combinação de todas as cores do arco-íris.
JED BUCHWALD: Ele pensava no prisma na verdade como um separador dos objetos que estão todos na luz original. Isso foi muito difícil para quase todo mundo engolir, porque significava que, quando você olha para a luz branca, vê algo que já possui todas as cores. Isso parecia completamente contra-intuitivo e, de fato, francamente, é contra-intuitivo para a maioria das pessoas hoje.
NARRADOR: Com apenas 25 anos, Newton fez algumas das descobertas mais impressionantes da história da ciência, mas as manteve quase inteiramente para si, como havia feito no cálculo. Depois que a praga cessou, ele retornou a Cambridge, onde trabalhou até chegar a um cargo de Professor Lucasiano de Matemática, o cargo ocupado por Stephen Hawking hoje.
Newton ficou conhecido por seus cabelos prematuramente brancos e por suas longas palestras sobre luz.
SIR ISAAC NEWTON (Dramatização): Isso pertence às refrações, porque pode ser encontrada ali uma demonstração de uma certa hipótese física ainda não bem estabelecida. Eu julgo que não será inaceitável se eu levar os princípios da ciência a um exame mais rigoroso.
NARRADOR: O introvertido Newton tinha pouco tempo para os estudantes e eles tinham pouco interesse nele. Anos depois, um dos assistentes de laboratório de Newton recordaria …
ASSISTENTE DE LABORATÓRIO DE SIR ISAAC NEWTON (Dramatização): Tão poucos o procuraram – e menos que o entendiam – que muitas vezes ele fazia, de certa forma, por falta de ouvintes, ler nas paredes.
Narrador: Mas o estudo da luz de Newton estava prestes a iniciar uma revolução. Cinqüenta anos antes, Galileu havia construído um dos primeiros telescópios. Usava lentes de vidro para coletar luz de objetos distantes e focalizá-la para o observador. Mas esse tipo de telescópio tinha um problema. Suas lentes produziam franjas de cor em torno das bordas dos objetos observados.
PETER GALISON: E isso significava que os objetos que você olhava sempre tinham essa aberração cromática, isso … Eles sempre pareciam coloridos mesmo quando … o objeto original não era. E Newton começou, de lado, a fazer algumas coisas com as próprias mãos. E ele projetou um tipo de telescópio notavelmente e radicalmente diferente de tudo o que havia sido construído antes.
NARRADOR: Newton percebeu que as bordas de uma lente se comportam como um prisma, quebrando a luz branca em cores diferentes à medida que ela passa. Então ele abandonou as lentes e substituiu um espelho para reunir e focalizar a luz de objetos distantes. E como a luz nunca passou através de uma lente, estava livre de distorção de cor. O telescópio de Newton tinha apenas quinze centímetros de comprimento, mas Newton se gabava de que poderia …
SIR ISAAC NEWTON (Dramatização): … amplie cerca de 40 vezes em diâmetro, o que é mais do que qualquer tubo de seis pés pode fazer. Já vi Júpiter – distintamente redondo – e seus satélites.
PETER GALISON: Foi um instrumento que deixou seu impacto na astronomia desde então. Nossos enormes telescópios de hoje são construídos sobre este modelo. São versões gigantescas dessa coisinha. Estes são os telescópios que ficam no topo dos grandes picos das montanhas. Estes são os telescópios que lançamos no espaço para espiar as partes mais profundas do universo visível.
NARRADOR: Newton considerava sua invenção apenas um brinquedo, mas um colega a levou para Londres, onde foi mostrada ao rei Carlos II.
PETER GALISON: O efeito que teve sobre os contemporâneos de Newton foi imediato e dramático. Ele trouxe Newton para o cenário mundial da ciência, e Newton se tornou uma sensação da noite para o dia.
NARRADOR: Newton foi eleito membro da Royal Society, um grupo de cientistas líderes em Londres. A maioria deles ficou impressionada com o garoto de Cambridge. E Newton ficou tão satisfeito que prometeu enviar à Royal Society um artigo que escrevera sobre sua descoberta de que a luz branca é composta de cores diferentes.
Mas os membros da Royal Society não tinham ideia de que Newton estava estudando algo muito mais misterioso que a luz naquele momento. Seus cadernos particulares revelam que no mesmo ano em que ele se tornou professor em Cambridge, ele comprou dois fornos, uma variedade de produtos químicos e um conjunto estranho de livros. Isaac Newton havia se tornado um alquimista.
A alquimia é uma prática antiga e secreta, com raízes no Oriente Médio. Ao realizar procedimentos químicos longos e complexos, os alquimistas tentaram produzir uma substância mágica chamada Pedra Filosofal. A Pedra Filosofal era tão potente que se dizia que até uma pequena quantidade realizava milagres:
curar doenças, conferir imortalidade e transformar metais comuns como chumbo em ouro puro.
PAMELA SMITH: Nos séculos XVI e XVII, havia muitas, muitas pessoas que compareceram aos tribunais na Europa e afirmaram possuir a Pedra Filosofal, e foram empregadas por nobres e príncipes em toda a Europa para fazer ouro.
BILL NEWMAN (Universidade de Indiana): Em alguns casos, era imensamente lucrativo. Você poderia ordenhar um duque ou príncipe com uma quantia substancial de dinheiro, sem dúvida. Mas se você fosse pego, era extremamente perigoso. Sabemos que uma das punições costumeiras aos alquimistas defrocked, por assim dizer, seria ser pendurada em um andaime dourado. E, às vezes, eram forçados a usar ternos de ouropel quando eram enforcados, para torná-lo um espetáculo público.
NARRADOR: Quando Newton mergulhou na alquimia, seu artigo sobre a luz estava acendendo uma tempestade de fogo em Londres.
O trabalho de avaliar as idéias de Newton coube a outro membro da Royal Society, Robert Hooke, que se tornaria o inimigo de toda a vida de Newton.
JED BUCHWALD: O jornal foi publicado e Hooke escreveu um relatório sobre isso. E é um relatório peculiar, porque, falando efetivamente, o que diz é: “Aceito todas as experiências de Newton, mas o que há de novo nelas já fiz. E todas as suas alegações sobre a luz estão erradas”.
Narrador: Durante quatro anos, Newton e seus críticos lutaram, com golpe após golpe publicado na revista da Royal Society.
O sensível Newton estava mortificado.
WALTER LEWIN: Newton era alérgico a críticas, quero dizer, realmente alérgico. Ele caiu do muro quando as pessoas o criticaram.
JED BUCHWALD: O problema para Newton era fazer com que alguém questionasse o que ele havia feito. Ele não queria contar a ninguém sobre isso em primeiro lugar, mas se ele foi forçado a fazê-lo, é melhor você acreditar no que ele disse.
ROB ILIFFE: Ele não pode convencer quantas pessoas quiser que o que ele disse é verdade. E essa derrota, se você gosta de chamar assim, foi muito amarga para ele. E em meados da década de 1670, ele se retirou completamente do mundo internacional da ciência.
Narrador: Newton prometeu que nunca mais publicaria um artigo científico. No isolamento de Cambridge, Newton se lançou na alquimia.
A alquimia havia sido proibida porque o governo britânico temia que as fraudes degradassem a moeda com ouro falso. E há anos há controvérsias sobre o motivo pelo qual Isaac Newton adotou a alquimia. Até o assistente de laboratório de Newton ficou confuso.
ASSISTENTE DE LABORATÓRIO DE SIR ISAAC NEWTON (Dramatização): Qual poderia ser seu objetivo, eu não fui capaz de penetrar, mas suas dores, sua diligência, como aqueles tempos, me fizeram pensar que ele visava algo muito além do alcance da arte e da indústria humanas.
NARRADOR: No passado, muitos estudiosos descartaram a alquimia de Newton como cientificamente inútil, mas agora eles estão dando uma segunda olhada.
Para descobrir o que Newton realmente estava tramando, Bill Newman começou a decifrar as receitas codificadas de Newton e recriar os experimentos alquímicos que Newton fez 300 anos atrás.
BILL NEWMAN: Se queremos descobrir o que está acontecendo nesses cadernos de laboratório, é assim que se faz, tente os experimentos e veja o que acontece.
Narrador: Newton acreditava que, no passado distante, as pessoas conheciam grandes verdades sobre a natureza e o universo. Essa sabedoria se perdeu com o tempo, mas Newton pensou que estava oculta nos mitos gregos, que ele interpretou como receitas alquímicas codificadas.
BILL NEWMAN: Em alguns casos, ele interpreta os mitos de uma maneira muito, muito exata, para que correspondam às receitas reais.
Narrador: Mas acertar essas receitas não é fácil. Como todos os alquimistas, Newton escondeu seus ingredientes em uma terminologia bizarra.
SIR ISAAC NEWTON (Dramatização): Nosso corpo assim composto é chamado de hermafrodita, sendo de dois sexos, e é pai e mãe da Pedra.
Bill Newman: Ele usou uma linguagem muito colorida, típica da alquimia da época. Por exemplo, ele fala sobre “o leão verde”, “a prostituta sórdida” e “o sangue menstrual da prostituta sórdida”. Estes são termos que tinham referências muito específicas na alquimia do século XVII.
Narrador: Uma das receitas de Newton, chamada “a rede”, vem dos escritos do poeta romano Ovídio.
Em seu poema “A Metamorfose”, Ovídio conta a história do deus Vulcano pegando sua esposa, Vênus, na cama com o deus Marte. Segundo o mito, Vulcano fez uma fina rede metálica e pendurou os amantes no teto para todos verem. Na alquimia, Vênus, Marte e Vulcano significam cobre, ferro e fogo.
Visto dessa maneira, o mito se torna uma receita alquímica. E se Bill Newman interpretou a receita corretamente, ele deveria obter os mesmos resultados que Newton obteve 300 anos atrás, uma liga roxa, conhecida como “a rede”, que se acreditava ser um passo em direção à Pedra Filosofal.
BILL NEWMAN: Eis:
“a rede.” Funcionou – uma liga roxa com uma superfície estriada semelhante a uma rede – funcionou perfeitamente.
Narrador: Ao recriar essas receitas, Bill Newman está descobrindo que a alquimia de Newton continha elementos-chave da ciência moderna:
era um processo sistemático com resultados que podiam ser reproduzidos e verificados. E os historiadores também descobriram que Newton não estava sozinho na busca pela alquimia. Outros cientistas da época, incluindo membros da Royal Society, também eram alquimistas.
Talvez a alquimia de Newton fosse menos uma prática oculta do que outra maneira de investigar o mundo natural.
PAMELA SMITH: Alquimia era realmente teoria da matéria. A alquimia era uma ciência que buscava as questões mais básicas de “O que é a Terra? De que é composto todo o universo? Quais são os componentes da matéria?”
JED BUCHWALD: Havia um elemento profundo na prática da alquimia que realmente faz com que seja merecedor de ser chamado de química moderna. Ele não é um louco brincando com substâncias espirituosas estranhas, ele está tentando descobrir como mudar as partículas de material para obter uma coisa de outra coisa. E isso não é tão estranho.
NARRADOR: A alquimia de Newton foi uma surpresa quando foi descoberta nos documentos comprados pelo economista John Maynard Keynes em 1936. Mas outros manuscritos agora guardados em Jerusalém continham uma surpresa ainda maior.
Durante a maior parte de sua vida, Newton guardou um segredo perigoso. Como bolsista do Trinity College, ele foi obrigado a se tornar ministro na Igreja da Inglaterra, mas isso foi contra ele violentamente.
Newton ficou convencido de que a doutrina central do cristianismo, a Trindade, ou a idéia de que Pai, Filho e Espírito Santo eram todos igualmente divinos, não era verdadeira. Quanto mais textos cristãos antigos ele lia, mais ele acreditava que Cristo era o filho de Deus, mas não era igual a Deus.
SIMON SCHAFFER: Agora, porque Newton estava tão convencido de que Deus é extremamente poderoso e único, Newton, como diz o ditado, “lê-se em heresia”. Em outras palavras, Newton começa a minimizar, a menosprezar e, eventualmente, a negar a divindade de Cristo.
GALE CHRISTIANSON: E Newton chega à conclusão, muito cedo, que a Trindade é uma blasfêmia no Primeiro Mandamento, porque o Primeiro Mandamento diz que “você não terá outro Deus diante de mim”. E a adoração ao Pai, Filho e Espírito Santo, do ponto de vista de Newton, é uma heresia.
Narrador: Mas negar a Trindade era ilegal, e Newton estava arriscando tudo mantendo essas crenças.
STEPHEN SNOBELEN: Se Newton tivesse sido exposto, enquanto estava em Cambridge, como anti-trinitário, sua carreira teria terminado. Ele teria sido ostracizado. É quase certo que não envolveria a morte, mas definitivamente a prisão teria sido uma possibilidade.
NARRADOR: Newton acabou sendo dispensado de se tornar ministro. Mas ele escreveu mais sobre teologia e alquimia do que ciência e matemática combinadas.
Somente recentemente disponibilizados ao público, na Biblioteca Nacional de Jerusalém, esses documentos agora estão revelando que, para Newton, religião e ciência eram inseparáveis, duas partes da mesma busca ao longo da vida para entender o universo.
SIMON SCHAFFER: O próprio Newton queria projetar um universo em que Deus estivesse absolutamente presente e absolutamente poderoso. Há uma enorme ironia lá. No século 18, grupos de intérpretes, a maioria franceses, tirarão o Deus do mundo de Newton. É uma imagem muito comum do que era o mundo newtoniano, que era sem alma, que era mecânico, que realmente não era teologicamente motivado.
GALE CHRISTIANSON: Agora, ironicamente, isso é muito anti-newtoniano, porque Newton argumentou que Deus tinha que estar presente, você não podia lê-lo fora do universo.
SIR ISAAC NEWTON (Dramatização): O sistema mais bonito do sol, planetas e cometas só poderia advir do conselho e domínio de um ser inteligente e poderoso.
Narrador: Newton possuía mais de 30 Bíblias e as examinou com o mesmo rigor que o mundo natural. Correlacionando passagens bíblicas com informações astronômicas, ele re-datou a história antiga, elaborando gráficos e cronologias elaboradas que mostram a civilização a partir de 980 aC
JED BUCHWALD: Tenho centenas e centenas de páginas de cálculos, trabalhos e retrabalhos onde ele tenta investigar isso por um período de quase 30 anos. Vez após vez, ele voltará a ele, calculando e recalculando, tentando fazê-lo funcionar, da mesma maneira que ele tentou fazer suas teorias da luz funcionarem.
Narrador: Com o mesmo fervor que ele trouxe à ciência e à matemática, Newton também vasculhou a Bíblia em busca de chaves para o futuro.
STEPHEN SNOBELEN: O que ele estava tentando fazer é determinar quando chegaria o fim, quando Cristo retornaria, quando todos os eventos apocalípticos do fim dos tempos viriam à tona.
NARRADOR: E essa data está agora alarmante: o ano de 2060.
JAMES FORCE: Newton não é um homem que mantém sua teologia em uma caixa que ele expõe apenas aos domingos, e depois um homem que faz sua ciência como trabalhador durante o resto da semana. Newton vê seu trabalho como uma unidade contínua e seu projeto é entender a verdade de Deus.
PAMELA SMITH: Atualmente, a maioria das pessoas pensa em religião e ciência como esferas completamente diferentes. Nos dias de Newton, a ciência, a investigação do mundo natural, fazia parte da religião. Era … todas as perguntas, de certa forma, terminavam em conhecimento divino.
NARRADOR: A alquimia e a religião podem ter continuado a dominar os pensamentos de Newton, mas, aos 40 anos, ele recebeu uma visita surpresa que o focaria novamente na física. Era o astrônomo Edmond Halley, agora conhecido pelo cometa em homenagem a ele. Ele fez a Newton uma pergunta esotérica sobre as órbitas planetárias.
EDMOND HALLEY (Dramatização): Minha pergunta é esta:
Que tipo de curva seria descrita pelos planetas, supondo que a força da atração em direção ao sol fosse recíproca ao quadrado de sua distância dele?
SIR ISAAC NEWTON (Dramatização): Uma elipse.
EDMOND HALLEY (Dramatização): Uma elipse? Como você sabe?
SIR ISAAC NEWTON (Dramatização): Eu fiz o cálculo.
EDMOND HALLEY (Dramatização): Você tem? Como você calculou isso?
SIR ISAAC NEWTON (Dramatização): Eu vou te mostrar … deveria estar aqui em algum lugar. Não se preocupe, vou refazer os cálculos. Vou te enviar uma cópia.
NARRADOR: A pergunta de Halley mudaria a ciência para sempre. Através de anos de observação, os cientistas descobriram que os planetas se movem ao redor do sol, não em círculos perfeitos, mas em órbitas elípticas ligeiramente alongadas. Mas ninguém poderia explicar o porquê.
Halley e muitos outros cientistas começaram a suspeitar que os planetas eram atraídos pelo sol por algum tipo de força. Eles imaginaram que essa atração se tornava mais fraca com a distância em um relacionamento matemático chamado lei do “quadrado inverso”.
Por exemplo, a lei do quadrado inverso diz que quando um planeta está duas vezes mais longe do Sol, a atração gravitacional que sente é quatro vezes mais fraca. Mas ninguém conseguiu provar isso resultou em órbitas elípticas.
Vários meses depois, Halley recebeu um artigo de Newton. Foi a prova matemática de Newton de que um planeta que obedece à lei da gravidade do quadrado inverso deve viajar em uma órbita elíptica.
Newton pode ter usado o cálculo para chegar a isso, mas ele não publicou essa nova forma de matemática, e sua prova foi escrita na linguagem tradicional da geometria euclidiana.
Mas Newton queria mais do que uma prova matemática; ele queria saber como os planetas se movem pelo espaço. Nos 18 meses seguintes, Newton trabalhou nessa questão dia e noite. Ele mal comeu, mal dormiu e não viu ninguém.
GEORGE SMITH: Quando você olha o que ele fez durante esse tempo, é difícil acreditar que qualquer ser humano tenha realizado essa quantidade de novas pesquisas em física matemática e matemática.
Narrador: Finalmente, ele enviou um esboço de 500 páginas de sua obra-prima, Principia Mathematica, à Royal Society para publicação.
GALE CHRISTIANSON: É o maior livro de ciência já escrito, com exceção de nenhum. É o trabalho mais magnífico, é o trabalho mais abrangente, é o livro mais ousado de qualquer tratado científico já escrito.
JED BUCHWALD: Após a publicação dos Principia, Newton, Newton … Newton é o homem. Quero dizer, você sabe, poucas pessoas conseguem entender do que se trata essa coisa, mas muitas pessoas podem ver que há algo importante aqui.
NARRADOR: O que as pessoas viram foi que Newton estava fornecendo uma nova estrutura para entender o universo, baseando-se em séculos de trabalho de seus antecessores. Galileu passou anos estudando movimento na Terra e descobriu que os projéteis sempre seguem um caminho curvo chamado parábola. Galileu, porém, acreditava que o movimento de objetos celestes como a lua era muito diferente.
PETER GALISON: Galileu ainda acreditava que havia diferenças entre o terrestre e o celeste, ele manteve a ideia antiga:
esse movimento era diferente na lua e acima.
Narrador: Newton discordou. Ele achava que as mesmas leis deveriam governar o movimento na Terra e nos céus. Para demonstrar, ele teria que elaborar um conjunto de leis tão poderosas que pudessem explicar o movimento em todos os lugares.
Ele começou o Principia com um conjunto de regras básicas, suas famosas três leis do movimento:
um objeto em movimento permanecerá em movimento para sempre, a menos que seja acionado por uma força externa; a taxa de aceleração de um objeto é proporcional à força exercida sobre ele; e para toda ação há uma reação igual e oposta.
Essas leis permitem que os cientistas façam previsões tão precisas sobre como os objetos se movem que ainda são usados hoje para enviar foguetes ao espaço e explorar outros mundos. Mas explicar as órbitas dos planetas requeria outro ingrediente.
Isso trouxe Newton de volta ao trabalho que ele começara 20 anos antes sobre a gravidade. Para mostrar como a gravidade funciona na Terra e nos céus, Newton projetou um experimento mental. Ele imaginou disparar um canhão do topo de uma montanha extremamente alta. Desde sua primeira lei do movimento, ele sabia que a bala de canhão viajaria em linha reta a uma velocidade constante para sempre. Mas a gravidade puxa a bola para baixo. Se a velocidade é baixa, a bala de canhão atinge a Terra perto da montanha:
quanto maior a velocidade, mais longe a bola cai.
WALTER LEWIN: Se você jogá-lo mais rápido, ele se afasta mais; ainda mais rápido, mais longe; ainda mais rápido, pode percorrer mil milhas; ainda mais rápido, pode realmente percorrer quase metade do caminho em torno da Terra e atingir a Terra.
NARRADOR: Newton imaginou que, se sua velocidade fosse alta o suficiente, a bala de canhão viajaria por toda a Terra e se estabeleceria em órbita.
PETER GALISON: A órbita da bala de canhão ao redor da Terra foi um ato de equilíbrio entre a tendência da bala de canhão de voar em linha reta, e está sendo puxada de volta para o centro da Terra continuamente pela força da gravidade.
Então, na imagem do mundo de Newton, havia duas coisas:
a tendência natural de um objeto de viajar em linha reta – o que era verdade na Terra ou no espaço ou em qualquer lugar – e havia a atração da gravidade, o que era verdade na superfície da Terra, e era o mesmo no espaço.
NARRADOR: A inovação de Newton foi ver que a órbita da lua ao redor da Terra e o movimento de uma bala de canhão na Terra eram governados pela mesma lei da gravidade.
WALTER LEWIN: Essa é uma bela maneira de convencer você, eu e provavelmente seus colegas de que balas de canhão caindo na Terra e a lua caindo na Terra é a mesma lei da física:
gravidade. No momento em que ele percebeu isso, quase tudo o resto decorre disso.
NARRADOR: Newton argumentou que se a gravidade governava o movimento na Terra e na Lua, por que não em Júpiter e suas luas, que ele vira com seu telescópio refletor? Por que não todo o sistema solar?
Em um salto ousado, Newton proclamou que essa força invisível opera em toda parte do universo.
GEORGE SMITH: É um salto incrível. Está além de qualquer coisa que alguém tivesse imaginado na época.
NARRADOR: Newton chamou isso de “lei universal da gravitação” e o escreveu em uma simples equação matemática.
GALE CHRISTIANSON: É muito importante porque realmente nos diz como a natureza opera de uma maneira fundamentalmente nova. Newton está dizendo: “A mesma coisa que está acontecendo nos céus está acontecendo na Terra e vice-versa”. Ele nos fornece um guia para responder à antiga pergunta sobre o que causa a ascensão e queda das marés. Isso nos dá respostas para as órbitas dos planetas e suas posições. É um tremendo ato de triunfo intelectual, uma das grandes peças fundamentais da nossa herança intelectual.
WALTER LEWIN: Foi uma revolução total. A lei universal da gravidade foi uma revolução completa, a maneira como pensamos sobre o mundo, o sistema solar e, portanto, o universo – qualquer que seja o tamanho do universo naqueles dias – e, portanto, a maneira como pensamos sobre nós mesmos.
GEORGE SMITH: Os Principia mostraram uma promessa de que a gravidade por si só poderia responder por praticamente todos os movimentos que conhecemos em nosso sistema planetário. E o resto da ciência, até hoje, se baseou nessa base. Newton mostrou-se mais correto sobre isso do que ele poderia estar confiante.
NARRADOR: Mas Newton não foi capaz de desfrutar de seu sucesso por muito tempo. Assim que Principia foi publicado, o antigo rival de Newton, Robert Hooke, alegou que ele havia apresentado algumas das idéias principais primeiro. E mais tarde, outros o atacaram porque Newton não explicou o que é a gravidade, apenas como calcular sua força.
WALTER LEWIN: E o próprio Newton não entendeu. Como esse objeto pode atraí-lo? Não há nada entre eles.
MORDECHAI FEINGOLD: Isso lhes parecia voltar a algum tipo de filosofia oculta.
Narrador: De fato, alguns pensam que a idéia de gravidade de Newton estava relacionada à prática oculta da alquimia. Newton ficou fascinado por um processo alquímico chamado “vegetação de metais”, no qual metais inertes parecem ganhar vida e crescer como plantas. Hoje, sabemos que essa é apenas a reação do mercúrio e da prata com uma solução de ácido nítrico, mas Newton achava que esse tipo de reação mostrava que forças misteriosas e invisíveis que ele chamava de “princípios ativos” estavam em ação em toda parte da natureza. Talvez ele tenha pensado na força invisível da gravidade da mesma maneira.
PAMELA SMITH: Newton perseguiu a alquimia porque dava uma visão dos princípios ativos da natureza. A gravidade era uma força oculta, não tinha explicação, e Newton acreditava que era possível que a gravidade fosse uma dessas forças, um desses princípios ativos. E assim, nesse sentido, a alquimia de Newton poderia dar uma ideia da gravidade.
NARRADOR: No entanto, no início da década de 1690, após mais de 20 anos de pesquisa, os experimentos alquímicos de Newton não haviam produzido avanços científicos como os que ele havia feito em matemática e física.
MORDECHAI FEINGOLD: Não temos muita certeza exatamente do que ele estava tentando fazer. Ele certamente estava procurando algo – obviamente é algo muito grande – e obviamente não o encontrou porque optou por não publicar nada sobre isso.
GALE CHRISTIANSON: Eu acho que não há dúvida de que ele ficou desapontado porque estava procurando respostas definitivas para as perguntas, e ele falhou na alquimia, pois não falhou em nenhuma outra busca.
Narrador: Finalmente, Newton teve o que muitos acham que foi um colapso nervoso. Ele fez acusações loucas contra seus poucos amigos, acusando um, o filósofo John Locke, de tentar “envolvê-lo” com mulheres.
JED BUCHWALD: Locke está intrigado com a coisa toda. Você sabe, “O que há com Isaac lá?” Ele não estava dirigindo um bordel ao lado e levando Sir Isaac para ele.
NARRADOR: Quando Newton explicou que estava doente e dormiu cinco noites, seus amigos o perdoaram.
SIMON SCHAFFER: Ele estava exausto. Se ele teve um colapso, acho que foi provavelmente por causa da exaustão.
Narrador: Qualquer que seja a causa, a doença de Newton foi breve. Dentro de alguns meses, ele parecia ter recuperado a compostura. E logo Isaac Newton surpreendentemente diferente começou a tomar forma.
Newton se mudou para Londres e foi nomeado Mestre da Casa da Moeda, um trabalho bem remunerado que o encarregou de emitir nova moeda e reprimir os falsificadores – cerca de duas dúzias de falsificadores foram executados enquanto Newton estava no comando. Newton tornou-se membro do Parlamento, presidente da Royal Society, e foi cavaleiro. Ele encomendou pelo menos 14 retratos de si mesmo.
GALE CHRISTIANSON: É uma mudança extraordinária. Ele é muito esse ícone, e ele assume esse papel, eu acho, em Londres, e gosta do papel do grande homem.
NARRADOR: Um ano após a morte de Robert Hooke, Newton publicou sua segunda grande obra-prima, Opticks, que expandiu seu trabalho com a luz. No final deste livro, Newton finalmente escreveu algumas de suas idéias-chave sobre cálculo, 40 anos depois de terem sido concebidas. E apesar de ter desistido da alquimia, ele continuou a se dedicar à teologia.
ROB ILIFFE: Até sua morte, ele tentou manter sua heresia o mais secreta possível e pensa: “Não há sentido em tentar convencer essas pessoas do que estou fazendo, porque não é a hora certa. as pessoas não estão aptas a receber o tipo de palavra que estou divulgando “.
Narrador: Newton morreu em 1727. Ele tinha 84 anos. Ele foi enterrado entre reis e rainhas na Abadia de Westminster, embaixo de um monumento a suas realizações científicas, sua alquimia e crenças religiosas apaixonadas, mas heréticas, virtualmente desconhecidas.
Agora, dois séculos e meio depois, uma nova imagem de Sir Isaac Newton está emergindo, juntamente com uma nova compreensão dos papéis que a ciência, a religião e a alquimia desempenharam em sua vida.
JAMES FORCE: Ele vê seu mundo como um mundo, ele vê sua busca da verdade como uma busca, e se o leva a livros de teologia ou a livros da natureza, sejam livros de astronomia ou de alquimia, não é ‘ Não importa para ele.
SIMON SCHAFFER: O que Newton faz é usar brilhantemente as ferramentas apropriadas para todos os campos em que trabalhou. Ele é um engenheiro engenhoso e enérgico, que é surpreendentemente brilhante ao compor belos monumentos com o design mais intensamente inteligente. Às vezes, esses livros são ótimos, como o próprio Principia. Às vezes eles aparecem em experimentos. Mas estaríamos errados ao procurar uma única chave que desvenda todo o mistério de Isaac Newton.
WALTER LEWIN: O homem era um gênio completo. Quero dizer pessoas como Newton, se eu atirar no quadril, talvez uma vez em 500 anos, na melhor das hipóteses.
Narrador: O que outro grande gênio, Albert Einstein, tem a dizer sobre Newton? Descubra no site da NOVA. Para os segredos sombrios de Newton, acesse pbs.org.
https://www.pbs.org/wgbh/nova/video/newtons-dark-secrets
Revelados mais documentos sobre a alquimia de Newton
Você está aqui:CasaBlogMais dos documentos de alquimia de Newton…
Caso você já tenha tentado preparar um pouco de ouro na garagem, os documentos de alquimia de Sir Isaac Newton estão cada vez mais disponíveis on-line, com novos trabalhos sendo adicionados o tempo todo.
Newton um alquimista? Realmente?
É verdade. Um dos cientistas mais influentes de todos os tempos realmente acreditava que era possível transformar metais comuns, como o chumbo, em ouro, às vezes com a ajuda de uma substância misteriosa chamada Pedra Filosofal.
Por muitos anos, os cientistas não falaram sobre o interesse de Newton na alquimia porque, francamente, era embaraçoso. É como descobrir que Stephen Hawking se interessou pelo universo através da astrologia ou Stephen Jay Gould se tornou um naturalista para tentar encontrar um unicórnio.
Mas, assim como muitos de nós que se tornaram programadores começaram a jogar Adventure, Star Trek ou Dungeons and Dragons (dependendo da idade que você tem), acontece que muitos químicos no século XVII realmente começaram na alquimia – que, afinal, também era conhecida como “química”. Embora o objetivo da alquimia possa nos parecer insignificante hoje em dia, os processos e métodos científicos que inspirou se transferiram muito bem à química e à ciência em geral.
E Newton estava muito interessado em alquimia, escrevendo mais de um milhão de palavras sobre o assunto , de acordo com The Chymistry of Isaac Newton , um site da Universidade de Indiana Bloomington dedicado a transcrições, imagens e análises dos documentos de alquimia de Newton.
Tudo isso está surgindo agora porque um dos documentos de alquimia de Newton foi recentemente leiloado . Eles estavam em uma coleção particular desde 1936, quando alguns descendentes de Newton leiloaram um lote de seus artigos em Londres, escreve Emma Stoye no Chemistry World . A venda de 1936 trouxe apenas 9.000 libras – quase US $ 13.000 na época e cerca de US $ 222.000 em dólares de hoje, de acordo com o Christian Science Monitor .
Naquela época, muitos dos textos foram comprados por colecionadores particulares, mas, ao longo dos anos, a maioria foi doada ou vendida para instituições públicas. Por exemplo, o notável economista John Maynard Keynes possuía uma coleção considerável dos escritos alquímicos de Newton , que ele doou para o Kings College, em Cambridge. Ele também é creditado por chamar a atenção para o interesse de Newton pela alquimia em primeiro lugar.
Em comparação com a venda de 9.000 libras, o documento único vendido este ano por 112.500 dólares à Chemical Heritage Foundation (CHF), esta é a cópia de Newton de um documento anterior publicado por George Starkey em 1678 para a criação de “mercúrio filosófico”, uma substância alquímica isso foi pensado para ser um componente da Pedra Filosofal. O CHF está trabalhando na digitalização do documento e no upload de imagens e transcrições digitais para um banco de dados online.
“O mercúrio filosófico era [pensado como] uma substância que poderia ser usada para quebrar metais em suas partes constituintes ‘, disse a Stoye James Voelkel, curador de livros raros da CHF. “A idéia é que, se você quebrar os metais, poderá montá-los novamente e fabricar metais diferentes.” (Newton pode até ter sofrido ou morrido por envenenamento por mercúrio .)
Parte do desafio dos documentos alquímicos, além de sua idade, o fato de serem manuscritos e a linguagem arcaica em geral, é que os alquimistas costumavam escrever usando nomes de código, mais ou menos , extraídos de fontes como a mitologia grega e romana. Afinal, se eles realmente encontraram uma maneira de criar ouro, não queriam que alguém o roubasse, certo? Além disso, a Inglaterra tornou ilegal a transmutação de substâncias em ouro . Grande parte do trabalho de Newton realmente envolveu tentar descobrir o que algumas dessas palavras de código significavam .
De fato, os alquimistas acreditavam que alguma mitologia era na verdade receitas alquímicas codificadas . “Portanto, a história contada por Ovídio em suas metamorfoses , que Vulcano prendeu sua esposa adúltera Venus e seu amante Marte em uma rede de bronze, foi entendida por Starkey para descrever uma receita para fazer a liga roxa de antimônio-cobre”, escreve William Newman, historiador da ciência na Universidade de Indiana , em The New Atlantis . “Vulcan era um nome de convés (nome da capa) para o fogo da fusão, Marte era o ferro empregado no refino do antimônio e Vênus era o cobre na liga”.
Sem o estudo da alquimia de Newton , é provável que ele não se tornasse o cientista que conhecemos e reverenciamos hoje. “Os estudos alquímicos de Newton revelam um erudito e um experimentador modernos que trabalham arduamente na decifração de textos extraordinariamente difíceis e um filósofo natural tentando integrar os frutos desta pesquisa em sua reforma geral do conhecimento científico”, escreve Newman. “Ao longo de suas atividades divergentes, Newton permaneceu ligado a técnicas de análise e compreensão que seriam familiares para a maioria de nós hoje. A aparente incongruência entre Newton, o cientista, e Newton, o alquimista, se dissolve quando adquirimos uma compreensão mais profunda da alquimia e do próprio homem. ”
E, como se vê, os alquimistas estavam realmente certos, de certa forma. As substâncias podem ser transformadas em outras substâncias, como bombardeando-as com radiação . O único problema é que esse processo é muito mais caro do que qualquer quantidade de ouro que ele possa criar. De volta à prancheta.
https://www.laserfiche.com/ecmblog/more-of-newtons-alchemy-documents-revealed/#
Sobre Isaac Newton e Alchemy

Imagens de gravuras em cobre. Musaeum hermeticum reformatum et amplificatum (Frankfurt, 1678).
Em 1936, o mundo da bolsa de estudos Isaac Newton recebeu um choque grosseiro. Naquele ano, a venerável casa de leilões da Sotheby’s lançou um catálogo descrevendo trezentos e vinte e nove lotes dos manuscritos de Newton, principalmente em sua própria caligrafia, dos quais mais de um terço estavam cheios de conteúdo inegavelmente alquímico. Esses manuscritos, que foram rotulados como “não adequados para serem impressos” após a morte de Newton em 1727, levantaram uma série de questões interessantes em 1936, como fazem até hoje. O fundador da física clássica era um alquimista? E se sim, o que isso significa? Ele perseguiu seus interesses alquímicos por razões científicas, ou simplesmente porque foi arrastado pelo velho sonho de transformar metais comuns em ouro? Newton descobriu um significado teológico secreto em textos alquímicos, que frequentemente descrevem o segredo transmutacional como um presente especial revelado por Deus a seus filhos escolhidos? Ou Newton talvez tenha sido atraído pelas imagens gráficas e misteriosas da alquimia, com suas ilustrações de hermafroditas, casais copulando dentro de frascos, dragões venenosos, leões verdes e sapos moribundos? Nenhuma dessas perguntas é facilitada pelo fato de os cadernos de laboratório de Newton, mesmo os que contêm a primeira descrição completa de sua brilhante descoberta de que a luz branca é realmente uma mistura de cores espectrais imutáveis, estarem cheios de receitas patentemente elaboradas a partir de fontes muito alquímicas. que transbordam os manuscritos vendidos pela Sotheby’s em 1936. Aqui também, ao lado de explicações sóbrias de fenômenos ópticos e físicos como congelamento e ebulição, encontramos “Neptune’s Trident”, “Mercury”

Imagens de gravuras em cobre. Musaeum hermeticum reformatum et amplificatum (Frankfurt, 1678).
Adotamos o termo “química” do século XVII para descrever a soma das atividades alquímicas como elas existiam nos dias de Newton. No início do mundo moderno, a química incluía três domínios básicos. Primeiro, os químicos reivindicam um grande grupo de tecnologias que vão desde a fabricação de pigmentos e corantes e a fabricação de ácidos minerais até a destilação de “águas fortes” para beber. Embora muitas vezes se sustentassem produzindo esses itens de comércio, os praticantes químicos também estavam na vanguarda da farmacologia moderna, tendo colocado uma ênfase radicalmente nova em medicamentos à base de minerais e uma ênfase igualmente importante no uso de tecnologias de laboratório, como a destilação e sublimação em sua produção. Medicina química ou iatroquímica, foi um dos novos campos importantes da ciência moderna primitiva e a segunda divisão básica da disciplina. Terceiro e, finalmente, a tentativa de fazer ouro a partir de materiais menos preciosos, freqüentemente referido pelo termo grego crisopéia, permaneceu um projeto de pesquisa aparentemente viável para muitos químicos do século XVII. Newton esteve envolvido nos três principais ramos da química em graus variados, e não fazemos nenhuma tentativa de impor uma divisão anacrônica da disciplina em categorias modernas. É importante ver como a tecnologia química e a medicina estavam ligadas ao envolvimento de Newton com a “Grande Obra”, assim como é importante ver como a química dele estava relacionada a outras atividades intelectuais e técnicas. a tentativa de fazer ouro a partir de materiais menos preciosos, muitas vezes referida pelo termo grego crisopéia, permaneceu um projeto de pesquisa aparentemente viável para muitos químicos do século XVII. Newton esteve envolvido nos três principais ramos da química em graus variados, e não fazemos nenhuma tentativa de impor uma divisão anacrônica da disciplina em categorias modernas. É importante ver como a tecnologia química e a medicina estavam ligadas ao envolvimento de Newton com a “Grande Obra”, assim como é importante ver como a química dele estava relacionada a outras atividades intelectuais e técnicas. a tentativa de fazer ouro a partir de materiais menos preciosos, muitas vezes referida pelo termo grego crisopéia, permaneceu um projeto de pesquisa aparentemente viável para muitos químicos do século XVII. Newton esteve envolvido nos três principais ramos da química em graus variados, e não fazemos nenhuma tentativa de impor uma divisão anacrônica da disciplina em categorias modernas. É importante ver como a tecnologia química e a medicina estavam ligadas ao envolvimento de Newton com a “Grande Obra”, assim como é importante ver como a química dele estava relacionada a outras atividades intelectuais e técnicas. s principais ramos em vários graus, e não fazemos nenhuma tentativa de impor uma divisão anacrônica da disciplina em categorias modernas. É importante ver como a tecnologia química e a medicina estavam ligadas ao envolvimento de Newton com a “Grande Obra”, assim como é importante ver como a química dele estava relacionada a outras atividades intelectuais e técnicas. s principais ramos em vários graus, e não fazemos nenhuma tentativa de impor uma divisão anacrônica da disciplina em categorias modernas. É importante ver como a tecnologia química e a medicina estavam ligadas ao envolvimento de Newton com a “Grande Obra”, assim como é importante ver como a química dele estava relacionada a outras atividades intelectuais e técnicas.

Imagens de gravuras em cobre. Musaeum hermeticum reformatum et amplificatum (Frankfurt, 1678).
O projeto de química de Isaac Newton é dedicado à edição e exposição do trabalho alquímico de Newton. Com o apoio da National Science Foundation e National Endowment for the Humanities, este projeto integra uma edição dos manuscritos alquímicos de Newton (na maioria das vezes inéditos) em textos diplomáticos e normalizados, com novas pesquisas sobre a química de Newton. No futuro, a edição incluirá todos os escritos químicos de Newton em forma pesquisável por palavras, com anotações indicando suas fontes e o grau de contribuição newtoniana nelas. Além disso, estamos fornecendo digitalizações digitais dos manuscritos químicos de Newton, para que o leitor possa comparar nossas transcrições com a caligrafia e os desenhos originais dos manuscritos. The Chymistry of Isaac Newton é hospedado por Indiana University ‘ s Programa Biblioteca Digital, e é afiliado ao Projeto Newton, sediado na Universidade de Sussex. Para obter informações sobre os membros da equipe, consulte oPágina Equipe do Projeto .
https://webapp1.dlib.indiana.edu/newton/project/about.do
Newton, o Alquimista
Sir Isaac Newton, o famoso matemático e cientista do século XVII, embora não seja geralmente conhecido como alquimista, praticava a arte com paixão. Embora ele tenha escrito mais de um milhão de palavras sobre o assunto, após sua morte em 1727, a Royal Society considerou que “não estavam aptas para serem impressas”. Os jornais foram redescobertos em meados do século XX e a maioria dos estudiosos agora admite que Newton foi primeiramente um alquimista. Também está se tornando óbvio que a inspiração para as leis da luz e teoria da gravidade de Newton veio de seu trabalho alquímico.
Se observarmos atentamente, à luz do conhecimento alquímico, a biografia definitiva, Sir Isaac Newtonpor JWV Sullivan, é bastante fácil compreender as teorias alquímicas das quais ele estava trabalhando. Sir Arthur Eddington, ao revisar este livro, diz: “A ciência na qual Newton parece ter se interessado principalmente e na qual ele passou a maior parte do tempo foi alquimia. Ele leu amplamente e fez inúmeras experiências, inteiramente sem frutos, tanto quanto sabemos. ”Um de seus servos registra:“ Ele raramente dormia até duas ou três horas, às vezes não até cinco ou seis, deitado por volta das quatro ou seis horas. cinco horas, especialmente na primavera ou no outono, época em que ele costumava empregar cerca de seis semanas em seu laboratório, o fogo escasso saindo noite ou dia. Qual seria o objetivo dele? Não consegui penetrar. ”A resposta é que os experimentos de Newton estavam preocupados com nada mais ou menos que alquimia. (porAlquimia Redescoberta e Restaurada por A. Cockren)
Como alquimista praticante, Newton passou dias trancado em seu laboratório, e poucos sugeriram que ele finalmente conseguiu transformar o chumbo em ouro. Talvez isso explique uma das coisas mais estranhas de sua vida. No auge de sua carreira, em vez de aceitar um cargo de professor em Cambridge, ele foi nomeado diretor da Casa da Moeda com a responsabilidade de garantir e prestar contas do repositório de ouro da Inglaterra.
De fato, Newton – o reverenciado fundador da ciência moderna e do universo mecanicista – também é considerado um dos maiores alquimistas espirituais de todos os tempos. Em The Religion of Isaac Newton (Oxford, 1974), FE Manuel concluiu: “Quanto mais o trabalho teológico e alquímico, cronológico e mitológico de Newton é examinado como um corpus inteiro, definido ao lado de sua ciência, mais aparente fica isso em Em seus momentos de grandeza, ele se considerava o último dos intérpretes da vontade de Deus em ações, vivendo na realização dos tempos. ”
Isaac Newton se considerava principalmente um alquimista.
Essa visão tornou-se mais aceita nos últimos anos, à medida que mais artigos particulares de Newton e tratados alquímicos estão sendo reexaminados. “Como todos os alquimistas europeus da Idade das Trevas até o início da era científica e além”, afirma Michael White em Isaac Newton: O Último Feiticeiro (Addison Wesley 1997), “Newton foi motivado por um profundo compromisso com a noção de que a sabedoria alquímica remonta aos tempos antigos. Acreditava-se que a tradição hermética – o corpo do conhecimento alquímico – se originou nas brumas do tempo e foi dada à humanidade por meio de agentes sobrenaturais. ”
A Tradução de Newton da Tabuleta Esmeralda
Newton ficou fascinado com a luz porque achava que ela incorporava a Palavra de Deus, conforme sugerido pela Tabuleta Esmeralda.
É verdade sem mentir, certa e mais verdadeira. Aquilo que está abaixo é como o que está acima e o que está acima é como o que está abaixo para fazer os milagres da Única Coisa. E como todas as coisas foram e surgiram de Um pela mediação de Um, todas as coisas nasceram dessa Coisa por adaptação. O Sol é seu pai; a lua sua mãe; o vento o carregou no ventre; a Terra é sua enfermeira. O pai de toda perfeição no mundo inteiro está aqui. Sua força ou poder é inteiro se for convertido em Terra. Separe a Terra do Fogo, o sutil do bruto, docemente com grande indústria. Ele sobe da Terra para os Céus e novamente desce para a Terra e recebe a força das coisas superiores e inferiores. Por esse meio, você terá a glória de todo o mundo e, assim, toda obscuridade voará de você. Sua força é acima de toda força, pois vence todas as coisas sutis e penetra todas as coisas sólidas. Então o mundo foi criado. Disto são e vêm adaptações admiráveis, das quais o processo está aqui. Por isso, sou chamado Hermes Trismegistus, tendo as três partes da filosofia do mundo inteiro. O que eu disse sobre a operação do Sol é realizado e terminado.
Newton em manter o segredo da alquimia
O colega de quarto de Newton, John Wickins, o ajudou em dezenas de experiências iniciais com luz.
Isaac Newton escreveu ao colega alquimista Robert Boyle uma carta pedindo-lhe para manter um “alto silêncio” ao discutir publicamente os princípios da alquimia. “Porque o caminho pelo princípio Mercurial pode ser impregnado foi pensado para ser oculto por outros que o conhecem”, escreveu Newton, “e, portanto, pode ser uma entrada para algo mais nobre que não deve ser comunicado sem imenso dano. ao mundo se existe alguma verdade [no aviso dos] escritores herméticos. Há outras coisas além da transmutação de metais que ninguém além de elas entendem. ”Segundo BJT Dobbs em The Foundations of Newton’s Alchemy(Cambridge University Press, 1984), “O fato de Newton nunca ter publicado um trabalho sobre alquimia não pode significar que ele sabia que havia falhado [na Grande Obra]. Pelo contrário, provavelmente significa que ele teve sucesso suficiente para pensar que poderia estar no caminho de algo de fundamental importância e, portanto, tinha boas razões para manter seu ‘alto silêncio’, embora não haja nada que indique que ele próprio estava procurando aquela misteriosa “entrada para algo mais nobre”.
Newton, o último mágico
O grande homem da ciência tinha mais do que um interesse passageiro na alquimia.
Sir Isaac Newton, de Samuel Freeman, (1773-1857)
Precisamente às 13 horas, logo após o almoço de 13 de julho de 1936, as ofertas foram abertas em um lote notável na casa de leilões da Sotheby’s em Londres: um baú de metal cheio dos papéis e manuscritos particulares de Isaac Newton e livros de laboratório, com quase trezentos anos de idade , a maioria nunca foi publicada.
Quando a Universidade de Cambridge, a alma mater de Newton, adquiriu o tesouro em 1872, uma equipe de estudiosos dedicou dezesseis anos à catalogação do conteúdo. Afinal, era Newton, e eles estavam famintos por qualquer ideia de como ele havia desenvolvido suas teorias de movimento, gravidade, luz e cor – trabalho que define o próprio universo newtoniano em que habitamos.
Estranhamente, depois de vasculhar e selecionar documentos selecionados, Cambridge devolveu praticamente todo o embrulho ao proprietário, o Conde de Portsmouth. Logo esquecido, o baú mal sobreviveu a um incêndio em casa em 1891, e em 1936 um dos descendentes do conde estava vendendo-o para ganhar dinheiro rapidamente. A própria Sotheby’s mal divulgou a venda – foi facilmente ofuscada naquela temporada por um espetacular leilão de pinturas de Rubens e Rembrandt, no valor de 140.000 libras, pela casa rival Christie’s. Quando o martelo caiu pela última vez na Sotheby’s, em 14 de julho, a maior parte do trabalho de Newton havia sido dividida entre três dúzias de compradores de livros, por um lamentável 9.000 libras.
O economista John Maynard Keynes, um admirador de Newton, era uma dessas três dúzias, embora tivesse ouvido falar do leilão tarde demais para comprar muito. Perturbado pela “impiedade” das transações, ele começou a adquirir mais papéis aos poucos. Em muitos casos, ele teve que interpretar o antiquário habilidoso, trocando papéis de Newton por colecionadores, tentando enganá-los. Keynes mais tarde lembrou, com um toque de esnobismo da Bloomsbury: “Consegui gradualmente remontar cerca de metade deles. . . . A maior parte do resto foi arrancada do meu alcance por um sindicato que esperava vendê-los a um preço alto, provavelmente nos Estados Unidos. ”
Keynes procurou artigos sobre qualquer assunto a princípio, mas acabou se concentrando em um nicho – a alquimia de Newton. Poucas pessoas sabiam que o pai da ciência moderna havia se envolvido em alquimia; mas quanto mais Keynes colecionava e mais ele “refletia sobre essas coleções estranhas”, mais claro ficava que a alquimia não era um nicho para Newton. Era, sob muitos aspectos, o trabalho da vida de Newton – mais vital para ele do que a física ou a matemática já foram. Este Newton “não foi o primeiro da era da razão”, concluiu Keynes. “Ele foi o último dos mágicos.”
As descobertas de Keynes jogaram a narrativa padrão da história da ciência em confusão. Keynes re-doou os documentos alquímicos para Cambridge em 1946, mas a maioria dos historiadores, ainda não perplexos, os ignorou ou tentou explicá-los. De fato, apenas recentemente os estudiosos começaram a estudar sistematicamente todo o corpus, linha por linha, quadro a quadro, runa por runa. Esses esforços estão recebendo um grande impulso do professor assistente de biblioteconomia e ciência da informação John Walsh e do historiador de ciências William Newman, ambos da Universidade de Indiana, que lideram um projeto para digitalizar e publicar on-line as milhares de páginas que Newton escreveu sobre alquimia. Um quarto foi publicado até agora, mas Newman e Walsh dizem que já colheram insights não apenas sobre o homem Newton, mas também sobre como a alquimia moldou a ciência de Newton.
No início da vida, Newton se voltou para a alquimia como uma diversão. Seu pai morreu antes de ele nascer (Newton, um bebê doente, quase se juntou a ele no túmulo), e Newton cresceu com um padrasto distante que mantinha a mãe do menino longe dele. Newton também, precoce demais para o seu próprio bem, não fez amigos entre seus pares.
Como compensação, ele desapareceu em livros como Mistérios da natureza e arte – fascinado por sua estranha mistura de filosofia oculta e engenharia prática. Mostrando ingenuidade inicial, Newton construiu um relógio de água e outras engenhocas descritas em Mistérios ; mostrando um traço inicial travesso, ele também construiu uma lanterna descrita nela, amarrou-a em uma pipa e voou-a à noite perto de sua casa, um espetáculo “que surpreendeu maravilhosamente todos os habitantes vizinhos”, lembrou. Em Cambridge, Newton desenvolveu ainda mais seu interesse pelos lados prático e teórico do campo, devorando livros do alquimista Robert Boyle.
Newton descreveu esse trabalho como química . E a palavra é um lembrete útil – com seu eco da “química” moderna, mas com ortografia arcaica – do que a alquimia significava para as pessoas na época de Newton. Hoje, a maioria das pessoas pensa nos alquimistas como necromantes tolos ou levianos obcecados com crisopéia– transformando metais comuns em ouro. Essa visão se resume a nós em grande parte através dos inimigos da alquimia, os pensadores do Iluminismo, por exemplo, que queriam eliminar o pensamento “mágico” e, ironicamente, instalar uma perspectiva mecanicista, “newtoniana”. Mas os alquimistas eram importantes para o desenvolvimento intelectual da humanidade – as larvas que se metamorfoseavam nos filósofos do Iluminismo e nos cientistas modernos. Especialmente importante foi a disposição dos alquimistas posteriores de testar suas teorias com experimentos, mesmo teorias que conflitavam com doutrinas aceitas. Boyle foi o exemplo principal aqui, mas John Locke, Gottfried Leibnitz e outros trocaram cartas e fizeram amizade com alquimistas também, procurando a química da sabedoria sobre o mundo natural.
Newman diz que a química de Newton seguiu essa tradição de várias maneiras, especialmente sua visão da natureza como um enigma que apenas uma irmandade gnóstica de alquimistas poderia desvendar. Ao mesmo tempo, Newton era único entre os alquimistas por unir sua química com outras obsessões científicas aparentemente desconectadas dele, como a óptica. Newman até argumenta que a famosa demonstração de Newton de que a luz branca era apenas uma combinação de raios de luz coloridos deve uma dívida significativa à alquimia de Boyle.
Na década de 1660, Boyle se envolveu em uma disputa com filósofos escolásticos sobre a essência da matéria. Esses adeptos de Aristóteles acreditavam que, uma vez que uma substância se dissolvesse em outra coisa, ela perdia sua identidade para sempre. Boyle desenvolveu um experimento para dissolver a cânfora, um produto químico aromático, em ácido, momento em que a cânfora perdeu seu cheiro. Isso concordou com o pensamento escolástico. Mas Boyle então adicionou água à solução – momento em que a cânfora reapareceu, recuperando seu odor e todas as outras propriedades. Boyle poderia fazer truques semelhantes com metais dissolvidos como ouro. Essa alquimia clássica provou que os escolásticos estavam errados, disse Boyle: Substâncias dissolvidas não perdem sua identidade.
Os escolásticos responderam que não havia provas de que era realmente a mesma cânfora. Quando a água foi adicionada, a solução pode ter criado a cânfora novamente. Mas Boyle rejeitou esse raciocínio. Por que, ele argumentou, a essência da cânfora deveria ser diferente porque veio de um experimento e não da natureza? Se falava como cânfora e andava como cânfora, era cânfora, ponto final.
Newton estudou os argumentos de Boyle e logo desenvolveu uma teoria semelhante sobre a cor. Enquanto estava de licença de Cambridge durante um surto de peste, Newton começou a separar a luz do sol em cores com um prisma, entre outras experiências. Ele achava que eles provavam que as luzes coloridas estavam “na” luz branca desde o início. Colegas como o eminente Robert Hooke discordaram, argumentando que o próprio prisma poderia ter produzido as cores à medida que a luz passava, da mesma forma que um tubo de órgão produz som quando o ar corre. (Ninguém diria que objetos cortantes e planos estão “dentro” do cano antes de serem tocados.)
Para combater essa objeção, Newton adotou as táticas de Boyle. Ele mostrou que podia provocar a luz branca em tons de vermelho, amarelo, verde e azul e depois fundi-los novamente. Fundamentalmente, essa luz branca sintetizada tinha todas as propriedades da luz solar. Newton argumentou a partir disso que as cores individuais da luz tinham uma existência permanente e incorruptível, mesmo que os humanos nem sempre pudessem senti-las. Boyle fez exatamente os mesmos pontos lógicos sobre a permanência da cânfora no ácido. Segundo Newman, a teoria fundamental da cor de Newton era, portanto, parteira da alquimia de Boyle.
Esse sucesso com a cor e a química deve ter emocionado Newton – ele havia descoberto segredos da natureza e um pouco de mágica. E embora Newton tenha expandido seu trabalho para gravidade e astronomia (para não mencionar profecias bíblicas, outra obsessão), ele se sentiu atraído pela química durante toda a sua vida profissional. De fato, ele dedicou seis semanas à química todo outono e toda primavera durante décadas, as épocas em que seu laboratório não aquecido era suportável – e ele também trabalhava durante os meses insuportáveis. No total, Newton escreveu mais de um milhão de palavras (quinhentas vezes o comprimento deste artigo) em química.
Apenas contar palavras não captura a riqueza do trabalho químico. Como todos os alquimistas, Newton apimentou sua prosa com taquigrafia gnômica. Considere esta linha em uma receita de “mercúrio sônico”, que dissolveu o ouro e permitiu que o metal precioso “vegetasse” e amadurecesse na pedra filosofal: “Case [enxofre] com, esse é o nosso [mercúrio] que está impregnado com deve ser esposado com o nosso ouro, então tens dois enxofre casados e dois s de um de primavera, cujo pai é o [ouro] e [prata] a mãe. ”
Newton também incluiu desenhos alegóricos, como uma cabeça com três faces ou um caduceu elaborado coroado com uma pomba do Espírito Santo, e versos copiados literalmente de outros alquimistas. Além disso, esses milhões de palavras não capturam as inúmeras horas que Newton passou realizando experimentos de química em substâncias intrigantes, como antimônio e mercúrio. Os médicos de épocas posteriores chegaram a especular que Newton sofria de envenenamento crônico por mercúrio como resultado, o que certamente poderia explicar sua vida pessoal peculiar.
Dada a quantidade de trabalho aplicada à química de Newton, por que nada disso veio à tona até o leilão da Sotheby’s? Não era todo o embaraço acadêmico gentil. Os alquimistas ingleses tiveram que ocultar seus verdadeiros interesses porque a alquimia era ilegal na Inglaterra desde 1404. A coroa temia a alquimia porque transformar chumbo em ouro teria desestabilizado a economia do país, por meio de moedas falsas. A proibição geral da alquimia – o Ato Contra Multiplicadores – foi suspensa em 1689, graças ao lobby de Boyle, mas os alquimistas ainda estavam contaminados pela associação, e a falsificação continuava sendo um crime capital na Inglaterra. (Quando Newton assumiu o cargo de diretor da Casa da Moeda Real, de fato, ele teve um notório falsificador enforcado e estripado publicamente – e ficou muito satisfeito ao vê-lo pronto.)
Ainda assim, a natureza ilícita da química não explica completamente por que Newton ocultou sua pesquisa (Boyle não). Não há uma maneira delicada de dizer: quase todo mundo que o conhecia o achava estranhamente estranho. Ele tinha um temperamento mesquinho, provavelmente nunca fez sexo, e sofreu pelo menos um colapso violento, durante o qual desejou a morte de Locke, um de seus poucos amigos. Pensamentos de pecado atormentaram Newton. Quando jovem, ele escreveu uma carta endereçada a Deus, descrevendo todos os pecadilhos que ele já cometeu, falhas que variam do tocante inócuo – “fazer tortas no domingo à noite” – ao abusivo e assustador – “socando minha irmã” e “ameaçando meu [passo ]pai e mãe . . . queimá-los e a casa sobre eles. ”
Essa excentricidade se espalhou por sua ciência. Curioso o que aconteceria, Newton uma vez olhou para o sol por tanto tempo que teve que ficar deitado em um quarto escuro por vários dias antes de parar de ver pontos. Uma vez, ele também enfiou uma agulha no encaixe atrás do olho, para ver como a alteração da curvatura do globo ocular afetava sua visão. Mas para alguém disposto a experimentar praticamente qualquer coisa, Newton estava muito cauteloso ao discutir seus resultados experimentais, especialmente em química. Ele detestava o pensamento de alguém descobrir algo novo a partir de suas idéias e estava obcecado em receber todo o crédito pelas descobertas. (Esse desejo mostrou seus dentes nos anos 1680, quando Leibnitz publicou uma teoria do cálculo independente da obra anterior, mas não publicada, de Newton, quando Newton se propôs a destruir a reputação de Leibnitz.)
Mas, realmente, podemos culpar Newton por ser tão secreto, por ser obcecado? Para ele, havia muita coisa em jogo. Ele não teria reconhecido a distinção que fazemos hoje entre ciência “real” cheia de experimentos e equações e pseudociência alquímica cheia de feitiços e especulações sem botas. A química era um grande corpo de trabalho para ele, o maior, e ele cobiçava conhecer os segredos da natureza desde a infância. Ele trabalhou tanto e secretamente porque a química parecia o caminho mais promissor para obter poderes quase mágicos e insights quase místicos da natureza – descobertas que, se ele pudesse fazê-las, o colocariam no primeiro posto de gênios que já viveram. .
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